Wednesday, October 31, 2007

31-10-2007 Força Europa

A Europa vai ter um novo tratado. Mas o risco de prolongar a crise institucional da Europa não está totalmente ultrapassado.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1052269.html

Estão de parabéns os líderes políticos dos países membros da UE, o Governo português e a Comissão Europeia. A Europa vai ter um novo tratado. Mas o risco de prolongar a crise institucional da Europa não está totalmente ultrapassado. Nem está garantido o caminho para a inversão do declínio da Europa.O debate político focaliza-se, agora, na forma de consulta nacional. Atente-se, porém, num recente comentário do director de Estudos do Royal United Services Institute for Defense Studies de Londres, Jonathan Eyal, publicado no “Straits Times” de Singapura: enquanto se discutem as instituições europeias, relegam-se para segundo plano “as questões que verdadeiramente interessam, nomeadamente a situação económica do continente”. A UE representava 27% do PIB mundial quando foi criada. Hoje não vai além dos 18%, com tendência para diminuir. Há cinquenta anos as quatro principais nações europeias controlavam um quinto da riqueza mundial. Hoje não ultrapassam os 13% e já foram ultrapassadas pela China.
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É na Ásia que a Europa deverá encontrar a fonte de sustentabilidade, compensando deste modo as fragilidades da economia americana. A Europa deve poder e ser capaz de tirar partido das enormes oportunidades que ali emergem, nomeadamente ao nível do crescimento da procura interna de bens, serviços e capital. Prioridades devem ser a China e a Índia mas também o Sudeste Asiático. A dimensão dos mercados e o seu potencial de crescimento, para além doutros factores, oferecem oportunidades de negócio difíceis de igualar. Existem, actualmente, na China meio milhão de empresas oriundas de 170 países. Entre os associados do US-China Business Council, 81% referiram que as suas empresas na China eram lucrativas. As trocas comerciais entre a China e a UE excederam, em 2006, os 250 mil milhões de euros.

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Amizades à parte, os EUA são os principais concorrentes da Europa na Ásia. Os países membros da UE precisam de actuar de forma mais concertada. A Europa precisa de novas iniciativas que, nos mais importantes países asiáticos, ajudem as empresas a alcançarem os seus objectivos estratégicos em áreas funcionais específicas. Na China, redes europeias público-privadas de consultadoria devem poder oferecer às empresas da UE apoio na selecção da estratégia de entrada, ao nível das operações de produção, do ‘marketing’, da gestão financeira, da gestão de recursos humanos, da negociação, da gestão de alianças, da protecção da propriedade intelectual e da prática do ‘guanxi’.
Mais de 1.800 programas de investigação chineses estão abertos à participação europeia através dum acordo firmado entre a UE e a China. A sua gestão passa pelas universidades chinesas, mas também pelas comissões de ciência e tecnologia existentes em cada uma das regiões e nas principais cidades da China. É claro que se deve aprofundar esta colaboração ao nível científico e tecnológico com a China.

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Nota: Não foi a primeira mostra de produtos portugueses em Singapura. Mas foi, sem dúvida, a mais digna e diferenciada presença de Portugal na República. De 25 a 27 de Outubro, teve lugar na Singapore EXPO a Wine for Ásia 2007. Lideradas pela AEP, e com o apoio da AICEP, seis empresas (Vallegre, Saven, Quinta da Aveleda, Joopy, Herdade da Calada, e F. Trigueiros) representaram mais de vinte produtores portugueses. Cerca de vinte medalhas de ouro, prata e bronze foram atribuídas aos vinhos portugueses pelo júri do ‘Wine Style Asia Award 2007’ presidido por John Chua, além das muitas menções honrosas. O Pavilhão de Portugal, concebido e executado por uma das mais prestigiadas empresas asiáticas, ombreou em impacto visual e qualidade com os pavilhões da Austrália, França, Espanha e Nova Zelândia. Uma vez mais, Singapura provou ser uma ‘trade hub’, tantos foram os importadores e distribuidores da China, Taiwan, Hong Kong, Macau, Coreia, Vietname, Tailândia, Malásia, Indonésia e Índia que encetaram conversações com as representações portuguesas. Fazendo jus aos elevados padrões de Singapura, a ‘Wine for Asia 2007’ foi considerada pelos expositores portugueses como tendo a melhor organização de todas as Feiras de Vinhos em que até hoje participaram, incluindo as europeias.

Wednesday, October 17, 2007

17-10-2007 Riqueza e Responsabilidade

Com a riqueza criada podem satisfazer-se as necessidades da população, aumentar o emprego e erradicar a pobreza.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1046851.html

A primeira responsabilidade de uma sociedade consiste em criar e acumular riqueza. Com a riqueza criada podem satisfazer-se as necessidades da população, aumentar o emprego e erradicar a pobreza. Mas enquanto na China ou em Singapura a riqueza e a prosperidade são os mais poderosos factores de mobilização colectiva e individual, a mentalidade dominante em Portugal continua a bloquear o desejo de fortuna. Os portugueses estão decisivamente a precisar de muito mais ambição. Para transformarem as suas vidas e a sua nação.
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Em Portugal a riqueza é considerada um mal. Os que a alcançam são olhados de soslaio. Algumas interpretações da tradição judaico-cristã influenciaram sobremaneira o modo como se consideram os bens materiais. Um extracto do Novo Testamento serviu para cristalizar esta mentalidade: “em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus”. Assim, todos os que criam riqueza são vistos como feridos de indignidade. Os empresários são, a esta luz, condenados. Em contraponto, o Estado, qual agente distribuidor da riqueza por outros criada, emerge como a fonte de toda a bondade. O problema não está na criação da riqueza. Está na forma como ela é utilizada pelos que tiveram a ousadia e a capacidade de a criar.

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As transformações que têm lugar no actual momento da vida económica mundial obrigam a uma rápida reconstrução destas nossas mentalidades. Numa economia cada vez mais dominada pelo desenvolvimento da China e da Índia torna-se imperioso que os portugueses tenham uma visão clara do que querem que seja o seu futuro económico e do que querem que seja o seu lugar na economia global. E que construam laboriosa e sistematicamente esse posicionamento diferenciado. Os portugueses têm de se assumir mais como criadores e não como meros consumidores dos produtos e dos projectos alheios. Têm de ser mais curiosos, de organizar melhor, de trabalhar melhor, de conceber mais, de inovar mais. Os portugueses precisam de ter mais desejo de criar novas empresas de sucesso para reproduzir noutros pontos de Portugal e expandir pelo mundo. Devem querer assumir riscos. Devem ambicionar tornar-se empresários ricos, fruto de boas estratégias de gestão e através do desenvolvimento de empresas de grande qualidade na sua organização, nos serviços prestados, nos bens produzidos e no bem estar dos seus colaboradores. Sem precisarem de recorrer ao pagamento de salários indignos ou ao abuso do trabalho de estagiários sem remuneração.

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Os portugueses devem admirar e valorizar os que enriqueceram honestamente. No país e no estrangeiro. Devem querer aprender com os seus sucessos e insucessos. Em contrapartida, a sociedade deve esperar dos cidadãos afluentes contributos significativos que levem à criação de melhores condições de enriquecimento colectivo e à resolução de problemas das populações. Portugal deve poder esperar dos empresários mais bem sucedidos contributos significativos para o desenvolvimento do ensino e da investigação aplicada, fontes primordiais do crescimento económico e do desenvolvimento global.
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António Champalimaud deixou a sua marca em Portugal e no mundo, com a sua extraordinária doação de 500 milhões de euros para a criação duma Fundação dedicada à investigação científica. Cidadãos afluentes de Singapura têm, igualmente, demonstrado uma evidente postura ética. A Lee Foundation, do banqueiro e ‘Rubber and Pineapple King’, Lee Kong Chian, ofereceu 50 milhões de dólares para a criação da Singapore Management University e 60 milhões de dólares para a criação da Singapore National Library. Wong Kwok Leong, e sua mulher, doaram um milhão de dólares para o Wong Kwok Leong Endowed Scholarship, a fim de apoiarem alunos da Singapore Management University. A família do banqueiro e industrial de hotelaria Khoo Teck Puat contribuiu com 80 milhões de dólares para o desenvolvimento da investigação biomédica na Duke-National University of Singapore Graduate Medical School e, ainda, com 125 milhões de dólares para a construção dum hospital de 550 camas no distrito de Yishun em Singapura. Este é o modelo de cidadãos ricos e socialmente responsáveis.

Wednesday, October 3, 2007

03-10-2007 Atrair Investimentos

É chegada a hora de, em Portugal, as câmaras municipais apresentarem o seu plano estratégico para os próximos dez anos.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1042231.html

É altura das principais cidades do país estabelecerem metas, cada vez mais exigentes, em relação ao seu contributo para o PIB nacional e para o emprego. À semelhança do que se passa a Ocidente e a Oriente, é chegada a hora de, em Portugal, as câmaras municipais apresentarem a sua visão estratégica e o seu plano estratégico para os próximos dez e vinte e cinco anos, enquadrando os seus projectos de desenvolvimento concretos de curto e médio prazo. E de se mobilizarem em ‘road shows’ na captação internacional de recursos em articulação com a AICEP. É tempo da abordagem ‘top down’ ser fortemente complementada pela abordagem ‘bottom up’. Um movimento em que emerjam em ‘networking’, num esforço conjugado com as câmaras municipais e as associações empresariais, os projectos dos empresários articulados em ‘clusters’ locais e regionais dedicados à exportação. A experiência neo zelandesa continua a ser, a este propósito, uma excelente referência que importaria avaliar e reproduzir.
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Exemplos não faltam. Na Ásia assiste-se a um forte e redobrado impulso renovador e desenvolvimentista que não é alheio à necessidade de responder ao desafio posto pela explosão económica da China e da Índia. E que leva governadores de regiões e presidentes de câmara a dedicarem-se cada vez mais ao desenvolvimento económico estratégico. As cidades e as regiões, a par das grandes empresas e das agências nacionais, estão pois no terreno pela captação de investimento estrangeiro. Em consequência, a competição internacional pelo financiamento de projectos, quer por parte de países desenvolvidos quer dos países em desenvolvimento, está cada vez mais agressiva exigindo um ‘marketing’ dos projectos altamente diferenciado.

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As cidades japonesas de Sendai, Kanagawa, Shizuoka, Osaka, Hiroshima e Fukuoka apresentaram recentemente, em Singapura, o seu plano estratégico e os seus projectos de desenvolvimento na expectativa de interessarem os investidores locais e internacionais. Representantes de Ho Chi Minh, de outras cidades e províncias do Vietname, já o tinham feito dias antes. E, não muito depois, ali iria Rafidah Aziz, a enérgica ministra do Comércio e Indústria da Malásia. Para apresentar a 2000 participantes os incentivos específicos ao investimento estrangeiro em cada um dos sectores económicos prioritários do seu país (1). Apoiando, ao mesmo tempo, a apresentação de projectos de desenvolvimento regional ambiciosos quer por parte do Chief Minister de Malaca quer pela iniciativa Iskandar Development Region (2), do estado de Johor.

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Ganha-se em perceber que na Ásia a atracção do investimento estrangeiro usa as mais diversificadas estratégias ‘win-win’. A CapitaLand de Singapura constrói e gere mais uma centena de centros comerciais na China, na Índia, no Japão e no Vietname. Integrar um dos seus dezasseis centros comerciais de Singapura abre a porta à entrada nos seus congéneres em outras tantas capitais asiáticas. Assim Singapura ganha, ganham os países onde investe, ganham as empresas estrangeiras que oferecem os seus produtos numa alargada rede multinacional.

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Ganha-se em perceber que na Ásia se conquistam mercados a partir da participação em projectos de desenvolvimento locais. Na China, as autoridades regionais, distritais ou locais facilitam tanto mais as importações quanto mais empenhada estiver a empresa estrangeira em investir localmente, na criação duma unidade local ou duma ‘joint venture’, na aquisição de fábricas ou de terrenos. Um alerta para os exportadores portugueses que se focalizam na mera procura de agentes importadores e distribuidores para os seus produtos.

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Finalmente, as zonas económicas especiais, os parques industriais e os parques de ciência e tecnologia integram as estratégias de atracção de investimento estrangeiro. No actual contexto de globalização as iniciativas nacionais devem ser aferidas pelas melhores práticas internacionais porque os investidores não deixam de comparar alternativas. Valerá a pena fazer o ‘benchmarking’ com as experiências similares na Ásia, nomeadamente ao nível dos incentivos, da organização e dos serviços proporcionados. Há aí muito a aprender.

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1) MIDA, Malaysia Investment in the Manufacturing Sector, Policies, Incentives and Facilities, 2007, 156 páginas. Consultar http://www.mida.gov.my/2)
http://www.iskandar.com.my/

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Notas do Autor
"A AIMinho realizou, entre os passados dias 06 e 09 de Abril (2008), uma missão de reconhecimento a Tampere, na Finlândia, desenvolvida no âmbito do Estudo para o Ordenamento do Território Empresarial do Minho, um dos mais recentes projectos da associação.
[16-04-2008] [ Associação Industrial do Minho ]
Esta missão teve como principal objectivo estudar a história e trajectória de desenvolvimento de Tampere, uma cidade que tem vindo a crescer em média 5% desde o ano 2000, graças à reestruturação económica regional empreendida com base numa estratégia de inovação assente em clusters de proximidade.
2.
Cidades do Douro fazem aliança para o QREN
DN 25.05.2008, JOSÉ CARDOSO

A grande cidade do Douro nasceu esta semana em Peso da Régua, com a assinatura do protocolo de cooperação urbana que une as três cidades durienses: Vila Real, Régua e Lamego. Os três municípios, que formam agora a "Douro Alliance - Eixo Urbano do Douro", distam 30 quilómetros, estão ligados pela A24 e neles residem 100 mil pessoas, das quais 67 mil habitam nas zonas urbanas.
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O projecto da nova cidade conta com a parceria da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, das associações comerciais e industriais de Vila Real e Peso da Régua e associações empresariais de Lamego e Vila Real. Além de estabelecer os objectivos do projecto, o protocolo assinado pelas três autarquias prevê a institucionalização da "Douro Alliance".
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Na primeira fase, o Gabinete Técnico do Eixo irá articular em rede as potencialidades dos três concelhos e elaborar os projectos que serão alvo de candidaturas ao Cidade Polis XXI, no âmbito do Programa Operacional Regional, que contará com os fundos comunitários do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN 2007-2013). A primeira acção da "Douro Alliance" está marcada para 5 de Junho , na Aula Magna da UTAD, onde decorrerá o "I Fórum da Cidadania: Cidade do Douro, Cidade do Mundo".
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Manuel Martins, presidente da câmara de Vila Real e um dos impulsionadores do projecto, disse ao DN que a proposta de criar um eixo urbano entre as três cidades surgiu no início dos anos 90 por intermédio do então ministro do Planeamento e Ordenamento do Território, Valente de Oliveira. " A ideia falhou por diversas razões. As acessibilidades na altura eram complicadas e a estrutura muito pesada".
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O território envolvente às cidades de Vila Real, Régua e Lamego, "vai beneficiar com o sucesso do projecto, que permitirá corrigir desequilíbrios, potenciar a fixação de massa crítica e combater a desertificação", sublinhou Manuel Martins. A sede da "Douro Alliance" ficará na Alameda de Grasse, em Vila Real.