Wednesday, January 24, 2007

24-01-2007: Ásia: Prioridade e Urgência

A Ásia não tem sido assumida como uma prioridade para a economia portuguesa,que se centrou na Europa, em África e nas Américas.

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“Chegámos atrasados à Índia”, confessou Cavaco Silva. Houve pouco negócio fechado mas ficaram muitas oportunidades para explorar. Houve choque, surpresa, admiração. Foi um novo mundo que se revelou ao Presidente da República, a políticos e empresários. É, agora, mais claro que há um imenso trabalho a desenvolver na Índia, mas, também, em toda a Ásia.
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A Ásia não tem sido assumida como uma prioridade decisiva para a economia portuguesa, que se centrou na Europa, em África e nas Américas. Mas há, hoje, uma necessidade de reforçar a intervenção da diplomacia económica, as iniciativas das associações e dos próprios empresários no continente asiático. Há, hoje, necessidade de proceder a uma recentragem na Ásia. Recorde-se que as importações do Japão com origem em Portugal, em 2006, não representam mais que 0,0032 da totalidade das importações do Japão com origem na UE25, muito embora elas tenham vindo a aumentar suavemente desde 2001. As importações da Coreia do Sul, com origem em Portugal, cresceram significativamente em 2006. Mas representam, apenas, 0,0015 das importações da Coreia do Sul com origem na UE25.
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É preciso actuar, sem demora, na requalificação da presença portuguesa em diversas capitais asiáticas para facilitar o posicionamento das empresas portuguesas nestes mercados emergentes. Há desenvolvimentos em curso que poderão ficar prejudicados pela falta de acção atempada. Um caso exemplar é o de Singapura onde existe um simbólico consulado honorário sem actividade relevante. Situa-se numa sala de um nono andar, sem acesso directo por elevador, num prédio humilde, ao contrário do que sucede com as representações dos restantes países da UE. Isto ocorre num país que é charneira nas relações com a China, a Índia e os países do Golfo e que é líder da ASEAN. Contrastando com esta situação está Espanha que organizou com bons resultados, em Julho de 2006, uma missão comercial para explorar oportunidades de cooperação e de investimento em Singapura. E, em Novembro de 2006, esteve de volta à cidade-Estado com uma nova missão. Acrescente-se, também, que Angola tem, em Singapura, uma representação digna e activa e um embaixador residente.
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É preciso ter um forte sentido de urgência em relação à Ásia. Francisco Van Zeller, presidente da CIP, exclamava em Bangalore: “Nenhuma empresa portuguesa está preparada para o nível de exigência da Índia” (...) “e o mundo vai ser isto. Agora é a Índia, depois provavelmente o Vietname, depois o Paquistão, Ceilão, todos eles”.* Mas o mundo é já isto. Hoje! Depois, depois é tarde porque já outros descobriram o caminho da Ásia. O comércio entre Espanha e o Vietname já alcançou US$ 1 bilião, em 2006. Na semana passada esteve, também, em Ho Chi Minh uma delegação de 150 empresários da Catalunha, entre eles a Mango, a Torres, o Banco Sabadell, a Freixenet e a Roca, e 25 representantes de associações de Barcelona, para explorar oportunidades de investimento. Também, na passada semana, o Presidente de Moçambique esteve no Vietnam a assinar quatro acordos de cooperação para a promoção do investimento e da assistência científica e técnica nos domínios da agricultura, educação e saúde. Hoje está de visita ao Japão.
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Portugal tem de ser eficaz e eficiente no uso do tempo. O ritmo de decisão em Portugal não pode, mais, ser lento. No público e no privado. Entre os agentes políticos como no dia a dia dos portugueses. O que pode fazer-se numa hora não pode levar um dia. O que pode fazer-se numa semana não pode levar um mês. Caso contrário são milhões de oportunidades que se perdem. Antecipem-se os problemas e as transformações necessárias. Pense-se antecipadamente, e de forma sistemática e aprofundada, a implementação das decisões. Preparem-se adequadamente as reuniões, as decisões, as viagens de negócios, as relações com os novos mercados. Acelerem-se os processos políticos e legislativos. Reduzam-se os custos deste contexto cultural.
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Portugal precisa de uma visão do tamanho do mundo. Portugal precisa de conquistar um lugar avançado na globalização. Mais do que nunca precisa de velocidade acelerada.