Wednesday, October 18, 2006

18-10-2006: Estória de Sucesso

Desde 9 de Agosto de 1965, Singapura não parou de lutar pela sua sobrevivência num contexto de crescente globalização.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/699777.html

Há nações que geram uma natural curiosidade, transformada em fonte de inspiração e, amiúde, numa decisiva vontade de aproximação. Imagine um país do terceiro mundo que nos anos 60 tinha um PIB per capita inferior a 320 dólares. Pois, em 2005, o seu PIB per capita ultrapassou os 28.000 dólares. E no terceiro trimestre de 2006, o seu PIB cresceu 7,1%, em relação a igual período de 2005.

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Como explicar os tão extraordinários resultados duma ilha de quatro milhões e meio de habitantes, com menos de 700 km2 de superfície, sem recursos naturais, cujo porto comercial, na foz do rio Temasek, foi destruído pelos portugueses em 1613?

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Governada autònomamente a partir de 1959, constituiu com a Malásia, Sabah e Sarawak, em 1963, a Federação da Malásia. Mas dois anos mais tarde, em conferência de imprensa, foi o próprio Lee Kuan Yew que anunciou, de lágrimas nos olhos, a expulsão da federação e a fundação da República de Singapura. Desde 9 de Agosto de 1965, Singapura não parou de lutar pela sua sobrevivência num contexto de crescente globalização.

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Com estabilidade política e uma forte liderança, visão estratégica, um ‘mix’ de políticas públicas pragmáticas, uma economia ancorada numa fortíssima participação de multinacionais, num poderoso veículo de investimento público a nível interno e externo, e em PME, venceu o desemprego, resolveu o problema da habitação, garantiu uma melhoria signficativa do nível de vida, desenvolveu uma infraestrutura económica de grande qualidade, criou sistemas de ensino e de Saúde de excelência e guindou-se a uma posição cimeira no quadro das mais avançadas nações do mundo.

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Nos anos 70 transformou-se numa economia dominada pelas indústrias de capital e de mão de obra intensiva e resolveu o problema do desemprego. Nos anos 80 desenvolveu as actividades de I&D, concepção de produtos e serviços de software. Nos anos 90 investiu na arquitectura de empresas, no desenhar das suas actividades através de parcerias de planeamento estratégico. Actualmente focaliza-se na inovação e tecnologia, procura identificar e desenvolver novos ‘clusters’, reforçar os actuais ‘clusters’ industriais, incentiva a emergência de ninhos de inovação, reforça as características de ambiente competitivo para a economia global e expande-se pelas diferentes partes do mundo. No ano passado o sector privado investiu cerca de dois biliões de dólares em I&D. Trabalham actualmente em Singapura 21.000 engenheiros e cientistas (4.575 com PhD), 62% dos quais no sector privado.

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O extraordinário dinamismo da sua política externa, fortemente dominada pela dimensão económica, explora todas as oportunidades de desenvolvimento do investimento, do comércio e do turismo com a Ásia, a Europa, as Américas e o Médio Oriente. A promoção dos acordos de cooperação económica, quer como líder da ASEAN quer em em termos bilaterais, são disso ilustração. O apoio ao desenvolvimento das “zonas económicas especiais” na China, na Índia, na Indonésia, no Vietnam são outros tantos exemplos. Só na província chinesa de Jiangsu as suas empresas desenvolveram, até final de 2005, 2036 projectos. Estudam em Singapura 70.000 estudantes estrangeiros. Em 2002, a exportação de serviços de Saúde situou-se nos 420 milhões de dólares.

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Singapura é, de facto, o terceiro mais importante mercado exportador extracomunitário português.
Referindo-se ao Brasil, Seixas da Costa disse há dias: há que “aprender a trabalhar mais em articulação com outros parceiros, europeus ou doutras origens, para poderem ganhar uma escala competitiva”. Aplique-se a sugestão à China e à ìndia. Com parceiros de Singapura.

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Aprofunde-se a aproximação a Singapura. Remonta a 1982 o estabelecimento de relações diplomáticas com Singapura. Em 1998 esteve para ser, ali, aberta a embaixada de Portugal. Mas não foi. Em 1999 foi assinado o acordo com a PSA Sines. A caminho de Timor, Sampaio visitou Singapura, em 2000, e Barroso tê-la-á visitado em 2002. Lisboa recebeu a visita de Goh em 2003. Em Setembro de 2006, Sócrates convidou o actual PM Lee a visitar Portugal.

A dimensão dum país não é fraqueza. Antes, oportunidade.