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A mudança no Estado é necessária. Não é menos urgente a mudança na sociedade portuguesa. O consenso está adquirido mas não quanto ao ritmo desejável da mudança. A voz do povo prefere a calma e a mudança lenta: ‘devagar se vai ao longe’! Este receio da mudança radica-se na ideia de que é escassa a competência disponível: ‘depressa e bem há pouco quem’. A sabedoria popular projecta uma imagem de falta de confiança e manifesta resistência à transformação necessária. Portugal precisa de mudar as atitudes e mentalidades e, para isso, precisa de qualificar mais as pessoas.
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Um dos ‘handicaps’ da sociedade portuguesa prende-se com a falta de conhecimento profundo do mundo, que sendo um erro fatal em tempo de globalização, não contribui em nada para uma adequada visão do futuro do país, da economia, do relacionamento entre instituições, do papel do Estado e da sociedade. Dos ‘media’ se espera que ajudem a ganhar consciência da transformação do mundo, que transmitam a evolução por que passaram as sociedades e economias mais bem sucedidas.
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Das instituições de ensino – da escola à universidade – se espera que transmitam não apenas conhecimentos mas ajudem a formar pessoas capazes de pensar, de usar todos os dias o conhecimento adquirido. Capazes de antecipar os problemas da mudança, de criar projectos, de decidir e de pôr em prática as decisões. Capazes de atravessar fronteiras, de vencer barreiras culturais, de trabalhar em qualquer lugar do planeta, de vencer em quasquer mercado.
Agir depressa e bem exige uma maior qualificação dos nossos recursos humanos. Portugal precisa de adoptar programas como o ‘Investors in People’, introduzido em 1991 no Reino Unido, pelos ministérios da educação e do emprego, como instrumento de desenvolvimento dos recursos humanos. Pelo menos 40,000 PME deverão ter alcançado, em 2007, o ‘Investors in People status’ e 45% da população trabalhadora inglesa deverá estar abrangida pelo programa. A 5ª Conferência do ‘Investors in People’ foi participada por 26 países. O Canadá, a Espanha, a Suècia e a Eslovénia estão actualmente a iniciar a aplicação do modelo. Singapura lançou em 1998 o programa ‘People Developer’ e certificou, até hoje, 552 empresas e outras organizações, pela excelência empresarial associada a um elevado desempenho na gestão dos recursos humanos.
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Das empresas se espera que invistam nas pessoas, nos seus colaboradores. Que ao mesmo tempo que levam por diante métodos de avaliação de desempenho apoiem a formação nas ‘competências’ que a escola e a universidade não promoveram eficazmente: a visão estratégica, o planeamento e a gestão da mudança, a gestão de projectos, a reengenharia de processos, a orientação para resultados, a tomada de decisão, a comunicação efectiva, o ‘coaching’, a disciplina. Que as empresas invistam na formação que permita dar a cada administrador, a cada director, a cada chefia, a competência de gerir pessoas e não apenas de gerir processos.
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È necessário que iniciativas recentes se transformem ràpidamente em norma. O inglês é, desde há décadas, a língua da ciência e da tecnologia e, cada vez mais, o suporte da comunicação empresarial global. Em boa hora algumas instituições lançaram mestrados em língua inglesa: a Universidade Católica iniciou um ‘Master of Laws’ e o ISCTE oferece um ‘Master in International Management’. A Universidade de Utrecht tem 87 mestrados em língua inglesa. As universidades portuguesas fariam um favor aos jovens portugueses se determinassem que, até ao fim da década, pelo menos 25% dos seus mestrados seriam ensinados na língua franca da ciência internacional. As reitorias das Universidades portuguesas dariam também um bom contributo à aceleração da mudança se convidassem as faculdades a pôr a concurso internacional, no final do actual mandato, os lugares de director das mesmas.
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Aumentando as competências criar-se-á um clima favoravel à mudança, aumentar-se-á o ritmo da mudança, melhorar-se-á a produtividade e a competitividade. Porque Portugal precisa bem de fazer a mudança. Depressa!
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Nota 1.Publicado 20 Maio 2008, Jornal de Negócios (Germano Oliveira)
Afirma António Nóvoa
"Concebo ver a Universidade de Lisboa com reitor estrangeiro"
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Os novos estatutos da maior instituição de Ensino Superior da capital já estão elaborados, por imposição da nova lei do sector. O reitor da Universidade de Lisboa admite que o modelo fundacional fica em suspenso e defende um consórcio com o politécnico da cidade.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, António Nóvoa, diz que o país necessita de um reordenamento da rede de Ensino Superior, sobretudo em Lisboa, e refere que a existência de candidados a reitor com uma carreira internacional será sempre prestigiante para a UL.