Wednesday, March 7, 2007

07-03-2007: Cidades, Visão e Vibração

Os países são cada vez mais o que as suas cidades são.A marca de um país está fortemente associada às suas principais cidades.

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As cidades são a força vital de um país. Nelas floresce a economia, nelas se investe, nelas se propiciam oportunidades para empresas, famílias e cidadãos exercerem as suas capacidades de realização.
Os países são cada vez mais o que as suas cidades são. A identidade e a marca de um país estão cada vez mais associadas às suas principais cidades. Sucede que as cidades não são efémeras mas perduram ao longo dos séculos. Razão bastante para que o seu crescimento, as suas funções, os seus modelos de desenvolvimento devam ser fruto dum pensamento estratégico, duma inspirada mas muito informada visão do futuro, renovada periodicamente.
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Banguecoque, capital da Tailândia, a segunda cidade mais populosa do sudeste asiático (e 22ª do mundo), atravessada pelo Rio Chao Phraya, concentrando mais que um décimo da população total do país, de 65 milhões de habitantes (75 % de origem Thai e 14% chinesa), é a expressão dum desenvolvimento vibrante. A cidade explode em cada canto com nova construção, em altitude, de icónicos edifícios pós modernos, de modernos hotéis e de discretos condomínios envoltos em vegetação privilegiada. Sente-se o forte pulsar do investimento nacional e estrangeiro, um ambiente fortemente favorável à economia de mercado que tem prevalecido ao longo dos anos. A Tailândia teve um crescimento económico de 6,9%, em 2003, e de 6,1% em 2004. Em 2006, ano que terminou com algumas dificuldades políticas e com uma consequente queda do investimento (27%), o crescimento económico ter-se-á ficado pelos 4,4%. É que, apesar dos recentes acontecimentos, as exportações cresceram 17%, à custa dos produtos transformados, dos produtos alimentares e do turismo. A crise de 97/98 foi há muito ultrapassada.
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Mas a cidade de Banguecoque, visitada anualmente por 15 milhões de estrangeiros, procura ainda o seu modelo. Cidade histórica, com os seus palácios requintados e templos budistas de ouro e mil cores, com um comércio em ebulição, atrai multidões aos sofisticados centros comerciais como aos populares ‘night markets’. Lojas, restaurantes e ‘spas’ concorrem agressivamente pela conquista duma clientela crescentemente diversificada. A cidade vai crescendo, evoluindo em função do livre fluir das forças económicas. O ritmo de construção da infraestrutura da cidade vai-se fazendo, com atraso. Nem a construção do ‘skytrain’ e do metropolitano, nem as auto estradas elevadas permitiram acabar com tremendos problemas de congestionamento de trânsito e de poluição. Uma hora é quanto um taxi pode levar para percorrer um quilómetro. O ruído, o ar poluído, como o bolor, estão largamente distribuídos em múltiplas áreas da cidade. Poucos espaços verdes existem numa das cidades mais quentes da Ásia. A cablagem aérea acrescenta mau aspecto a uma cidade cuja beleza e fascínio estão profundamente enraizados nas sua gentes e nos seus maneirismos. O sorriso dos tailandeses constitui uma forte componente da imagem de marca do país, mas difìcilmente compensa uma inexplicavel incompetência em línguas estrangeiras nomeadamente entre o pessoal hoteleiro e os taxistas.
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Singapura, cidade cosmopolita, oferece uma distinta moldura, posta em evidência pela recente decisão política de alcançar a metade superior do ‘first world’ em 10/20 anos. Dinamismo económico, elevada qualidade de vida, forte identidade nacional e a configuração duma cidade global integram a visão para o futuro de Singapura que irá incorporar, em versão tropical, as melhores características de Paris, Londres e Nova Iorque. E porque a população deverá passar dos actuais 4,5 milhões para os 6,5 milhões, num período de vinte anos, o planeamento estratégico urbanístico desenvolveu já, com grande detalhe, como é que a ‘garden city’ se irá desenvolver no terreno para acomodar este crescimento da população. Em Singapura, a política precede a economia.
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As principais cidades portuguesas, também elas, precisam de uma visão de futuro, a que a marca Portugal ficará asssociada, potenciando os seus recursos e reposicionando-se deliberadamente no contexto das cidades globais.