Wednesday, August 8, 2007

08-08-2007. Culturas e Negócios

Em tempo de internacionalização, conhecer as diferenças culturais é a primeira condição de sucesso

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Férias. Cruzam-se fronteiras, exploram-se novos ambientes. Fala-se, interage-se, observam-se outras gentes. Experimentam-se diferenças. Interrogam-se outros modos de viver, de pensar e de fazer dos povos que se visitam. Alargam-se as vistas e acrescenta-se mundo ao mapa mental. De volta trazem-se ideias, projectos, mesmo soluções. Mas também um melhor entendimento das identidades alheias. E do que pensam dos portugueses. Estereótipos! Mas, em tempo de internacionalização, conhecer as diferenças culturais é a primeira condição de sucesso.
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Quem passa por Singapura encontra-a aberta e cosmopolita. Escancarada às empresas estrangeiras e aos estrangeiros. Uma sociedade multi-étnica bem integrada de chineses, malaios, indianos, euroasiáticos. Muitas religiões, diversas línguas. Muito hierarquizada entre patrões e empregados como entre pais e filhos. Sagrado é o respeito e a obediência aos mais velhos. O grupo é mais importante que o indivíduo. A família alargada e os amigos chegados constituem o alicerce da estrutura social. Ter bom nome, bom caracter e ser estimado são qualidades pessoais muito apreciadas. A falta de respeito não é tolerada. Não há ‘graffiti’ nas paredes. Há que salvaguardar sempre a face de todos e de cada um. Para manter a harmonia em todo o tipo de relações.
Os negócios só se fazem entre pessoas. Não entre empresas. E se se chegarem a relações pessoais duradouras. A empresa estrangeira tem que demonstrar que veio para ficar e não para realizar ganhos fáceis e rápidos. Negócios fazem-se todo o ano, embora Junho seja o período em que mais pessoas fazem férias. Os empresários locais são negociadores difíceis no que toca a preço e prazos. Há que planear cedências que não ponham em risco o interesse do negócio. As decisões alcançam-se por consenso. A afabilidade é a norma. Há que nunca mostrar irritação. Comunicação não verbal é mais importante que palavras. A expressão facial, o tom e a postura corporal são as mais reveladoras. Como o é o silêncio. Em vez de dizer “não” dirão que “vão tentar”. É preciso reinterpretar os sinais para além do que se ouve. Bem diferente do mundo ocidental de discurso directo.

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Do lado de cá está Portugal. Quem o visita e estuda diz que ainda é uma sociedade tradicional, conservadora e ainda muito fechada sobre si. Os estrangeiros vivem ainda segregados. A família é a mais importante fonte de estabilidade. Prevalece sobre as relações sociais. Sobrepõe-se mesmo na vida empresarial. Observam que se empregam as pessoas que se conhecem e em quem se confia. Uma forma de nepotismo resistente.

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Reconhecem que os portugueses são delicados, mesmo formais, no relacionamento social. Que são contidos e pouco espontâneos. Nas zonas urbanas valorizam muito o aspecto exterior. Dão muita importância às “modas” e acreditam que a forma de vestir é um indicador decisivo de sucesso e de posição social. Usam as melhores roupas e as marcas mais conhecidas.

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Da sociedade portuguesa e do mundo dos negócios dizem que são altamente estratificados. As hierarquias são muito respeitadas. Os graduados são sempre tratados por títulos. Esperam que a decisão venha sempre de cima. Nos negócios o poder e a autoridade estão concentrados numa só pessoa que decide sem se preocupar com a criação de consensos com os subordinados. Na decisão e na resolução dos problemas ainda prevalece uma abordagem autoritária. Da produtividade e da eficiência decisionais afirmam que deixam muito a desejar. Que o ritmo é lento. Que aos mais diversos níveis se tomam diariamente poucas decisões. Podiam usar mais e melhor a inteligência que possuem. Os assuntos são mal estudados. Os negócios fazem-se com quem se conhece e as decisões são tomadas em reuniões pessoais.

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Longas introduções pessoais precedem os contactos de negócios. Contactos escritos são vistos como impessoais. Os contratos são cumpridos. Mas a pontualidade e cumprimento de datas não são necessariamente observados. Críticas directas não são bem vistas. Agosto é mês perdido para decisões empresariais, bem ao contrário das terras do sol nascente.

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Semelhanças e contrastes para meditar antes dum novo ano de trabalho.