As empresas portuguesas têm tudo a ganhar em se apresentarem nos mercados externos com fortes relações públicas comuns.
Realizou-se há algum tempo, em Singapura, uma importante feira para promoção da Índia.
Num dos seminários que, então, tiveram lugar usou da palavra um dos líderes da comunidade empresarial indiana de Singapura que comparou a atitude dos empresários chineses locais com a dos empresários indianos, nas suas iniciativas de internacionalização. Na sua opinião, enquanto os indianos se apresentam no mundo como arroz solto, os empresários chineses comportam-se como as ‘noodles’ ou o ‘spaghetti’. Enquanto uns permanecem dispersos e frágeis, outros avançam em rede, em permanente interacção reforçando as capacidades mútuas. Enquanto a atitude de desconfiança e de competição mútua prevalece entre indianos, o suporte mútuo domina entre os empresários chineses na partilha de informação e de oportunidades oferecidas pelos mercados externos. O que explicaria o maior sucesso das comunidades chinesas na sua expansão pelo mundo.
Poder-se-á especular sobre factores, que poderão explicar esta diferença de atitude, associados ao sistema de castas internalizado entre indianos e ao igualitarismo dos chineses. Aparentemente o padrão de comportamento que prevalece entre empresários e gestores portugueses nos processos de internacionalização parece estar mais próximo do indiano que do chinês. Sejam quais forem as razões que para tal concorrem.
Nunca é demais reafirmar que, na internacionalização, os concorrentes das empresas nacionais não são as suas congéneres nacionais mas as suas concorrentes estrangeiras que gozam eventualmente de vantagens de contexto (menores impostos, sistema normativo consistente e ‘user friendly’, acesso a acordos de livre comércio, etc.), de vantagens nos diferentes factores de produção (maior desenvolvimento organizacional, maior flexibilidade), de maior produtividade e, consequentemente, de maior competitividade.
As empresas portuguesas têm tudo a ganhar em se apresentarem nos mercados externos como forças concertadas de ataque, com um elevado nível de organização e com potentes relações públicas comuns.
É fundamental que as empresas portuguesas surjam nas feiras sectoriais, por esse mundo fora, enquadradas em pavilhões Portugal que se distingam pela imagem de inovação, criatividade, actractividade e eficácia na comunicação externa e interna. É fundamental que a concepção dos pavilhões Portugal demonstre essa força colectiva, acentuando a interacção e referenciação entre as empresas nacionais. Afirmando-se num espaço comum, aberto a renovados fluxos de visitantes, em vez de se quedar pela mera adição de pequenos territórios circunscritos em cubículos de escassos metros quadrados.
A participação nas feiras deve assentar numa estratégia com objectivos definidos, deve apoiar-se em fortes iniciativas de marketing antes, durante e após a sua realização, com uma escolha criteriosa dos meios audiovisuais e outros instrumentos de promoção que, dentro dos limites do orçamento para o evento, aumentem a eficácia da intervenção, com uma adequada concepção do espaço de exposição, uma adequada utilização da iluminação e dos materiais que concorram para aumentar a visibilidade e promovam o conhecimento da empresa e a venda dos seus produtos ou serviços. E deve ter a sustentá-la colaboradores que estejam devidamente treinados para representar e promover a imagem da empresa, para gerar interesse pelos produtos ou serviços e para alcançar um determinado nível de vendas.
É indispensável que as empresas portuguesas encarem a possibilidade de aumentarem a sua participação em feiras nos países asiáticos. Não como instrumento único mas como acção integrante da sua estratégia de entrada num dado país. É que o crescimento das Ásias é sustentado. A confirmá-lo está o facto de os países asiáticos estarem a aumentar de forma muito significativa os seus espaços de exposição. Entre 2006 e 2010, a China aumentará 445.000m2 (+18%), a Índia 79.000m2 (+33%), a Coreia do Sul 65.000m2(+41%),Singapura 54.000m2 (+35%) e o Médio Oriente, em particular os EAU (147.000m2 +115%).
Nas Ásias não se compreende porque são, sempre, tão poucas as empresas portuguesas presentes.