É chegada a hora de, em Portugal, as câmaras municipais apresentarem o seu plano estratégico para os próximos dez anos.
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1042231.html
É altura das principais cidades do país estabelecerem metas, cada vez mais exigentes, em relação ao seu contributo para o PIB nacional e para o emprego. À semelhança do que se passa a Ocidente e a Oriente, é chegada a hora de, em Portugal, as câmaras municipais apresentarem a sua visão estratégica e o seu plano estratégico para os próximos dez e vinte e cinco anos, enquadrando os seus projectos de desenvolvimento concretos de curto e médio prazo. E de se mobilizarem em ‘road shows’ na captação internacional de recursos em articulação com a AICEP. É tempo da abordagem ‘top down’ ser fortemente complementada pela abordagem ‘bottom up’. Um movimento em que emerjam em ‘networking’, num esforço conjugado com as câmaras municipais e as associações empresariais, os projectos dos empresários articulados em ‘clusters’ locais e regionais dedicados à exportação. A experiência neo zelandesa continua a ser, a este propósito, uma excelente referência que importaria avaliar e reproduzir.
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Exemplos não faltam. Na Ásia assiste-se a um forte e redobrado impulso renovador e desenvolvimentista que não é alheio à necessidade de responder ao desafio posto pela explosão económica da China e da Índia. E que leva governadores de regiões e presidentes de câmara a dedicarem-se cada vez mais ao desenvolvimento económico estratégico. As cidades e as regiões, a par das grandes empresas e das agências nacionais, estão pois no terreno pela captação de investimento estrangeiro. Em consequência, a competição internacional pelo financiamento de projectos, quer por parte de países desenvolvidos quer dos países em desenvolvimento, está cada vez mais agressiva exigindo um ‘marketing’ dos projectos altamente diferenciado.
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As cidades japonesas de Sendai, Kanagawa, Shizuoka, Osaka, Hiroshima e Fukuoka apresentaram recentemente, em Singapura, o seu plano estratégico e os seus projectos de desenvolvimento na expectativa de interessarem os investidores locais e internacionais. Representantes de Ho Chi Minh, de outras cidades e províncias do Vietname, já o tinham feito dias antes. E, não muito depois, ali iria Rafidah Aziz, a enérgica ministra do Comércio e Indústria da Malásia. Para apresentar a 2000 participantes os incentivos específicos ao investimento estrangeiro em cada um dos sectores económicos prioritários do seu país (1). Apoiando, ao mesmo tempo, a apresentação de projectos de desenvolvimento regional ambiciosos quer por parte do Chief Minister de Malaca quer pela iniciativa Iskandar Development Region (2), do estado de Johor.
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Ganha-se em perceber que na Ásia a atracção do investimento estrangeiro usa as mais diversificadas estratégias ‘win-win’. A CapitaLand de Singapura constrói e gere mais uma centena de centros comerciais na China, na Índia, no Japão e no Vietname. Integrar um dos seus dezasseis centros comerciais de Singapura abre a porta à entrada nos seus congéneres em outras tantas capitais asiáticas. Assim Singapura ganha, ganham os países onde investe, ganham as empresas estrangeiras que oferecem os seus produtos numa alargada rede multinacional.
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Ganha-se em perceber que na Ásia se conquistam mercados a partir da participação em projectos de desenvolvimento locais. Na China, as autoridades regionais, distritais ou locais facilitam tanto mais as importações quanto mais empenhada estiver a empresa estrangeira em investir localmente, na criação duma unidade local ou duma ‘joint venture’, na aquisição de fábricas ou de terrenos. Um alerta para os exportadores portugueses que se focalizam na mera procura de agentes importadores e distribuidores para os seus produtos.
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Finalmente, as zonas económicas especiais, os parques industriais e os parques de ciência e tecnologia integram as estratégias de atracção de investimento estrangeiro. No actual contexto de globalização as iniciativas nacionais devem ser aferidas pelas melhores práticas internacionais porque os investidores não deixam de comparar alternativas. Valerá a pena fazer o ‘benchmarking’ com as experiências similares na Ásia, nomeadamente ao nível dos incentivos, da organização e dos serviços proporcionados. Há aí muito a aprender.
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1) MIDA, Malaysia Investment in the Manufacturing Sector, Policies, Incentives and Facilities, 2007, 156 páginas. Consultar http://www.mida.gov.my/2) http://www.iskandar.com.my/
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1042231.html
É altura das principais cidades do país estabelecerem metas, cada vez mais exigentes, em relação ao seu contributo para o PIB nacional e para o emprego. À semelhança do que se passa a Ocidente e a Oriente, é chegada a hora de, em Portugal, as câmaras municipais apresentarem a sua visão estratégica e o seu plano estratégico para os próximos dez e vinte e cinco anos, enquadrando os seus projectos de desenvolvimento concretos de curto e médio prazo. E de se mobilizarem em ‘road shows’ na captação internacional de recursos em articulação com a AICEP. É tempo da abordagem ‘top down’ ser fortemente complementada pela abordagem ‘bottom up’. Um movimento em que emerjam em ‘networking’, num esforço conjugado com as câmaras municipais e as associações empresariais, os projectos dos empresários articulados em ‘clusters’ locais e regionais dedicados à exportação. A experiência neo zelandesa continua a ser, a este propósito, uma excelente referência que importaria avaliar e reproduzir.
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Exemplos não faltam. Na Ásia assiste-se a um forte e redobrado impulso renovador e desenvolvimentista que não é alheio à necessidade de responder ao desafio posto pela explosão económica da China e da Índia. E que leva governadores de regiões e presidentes de câmara a dedicarem-se cada vez mais ao desenvolvimento económico estratégico. As cidades e as regiões, a par das grandes empresas e das agências nacionais, estão pois no terreno pela captação de investimento estrangeiro. Em consequência, a competição internacional pelo financiamento de projectos, quer por parte de países desenvolvidos quer dos países em desenvolvimento, está cada vez mais agressiva exigindo um ‘marketing’ dos projectos altamente diferenciado.
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As cidades japonesas de Sendai, Kanagawa, Shizuoka, Osaka, Hiroshima e Fukuoka apresentaram recentemente, em Singapura, o seu plano estratégico e os seus projectos de desenvolvimento na expectativa de interessarem os investidores locais e internacionais. Representantes de Ho Chi Minh, de outras cidades e províncias do Vietname, já o tinham feito dias antes. E, não muito depois, ali iria Rafidah Aziz, a enérgica ministra do Comércio e Indústria da Malásia. Para apresentar a 2000 participantes os incentivos específicos ao investimento estrangeiro em cada um dos sectores económicos prioritários do seu país (1). Apoiando, ao mesmo tempo, a apresentação de projectos de desenvolvimento regional ambiciosos quer por parte do Chief Minister de Malaca quer pela iniciativa Iskandar Development Region (2), do estado de Johor.
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Ganha-se em perceber que na Ásia a atracção do investimento estrangeiro usa as mais diversificadas estratégias ‘win-win’. A CapitaLand de Singapura constrói e gere mais uma centena de centros comerciais na China, na Índia, no Japão e no Vietname. Integrar um dos seus dezasseis centros comerciais de Singapura abre a porta à entrada nos seus congéneres em outras tantas capitais asiáticas. Assim Singapura ganha, ganham os países onde investe, ganham as empresas estrangeiras que oferecem os seus produtos numa alargada rede multinacional.
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Ganha-se em perceber que na Ásia se conquistam mercados a partir da participação em projectos de desenvolvimento locais. Na China, as autoridades regionais, distritais ou locais facilitam tanto mais as importações quanto mais empenhada estiver a empresa estrangeira em investir localmente, na criação duma unidade local ou duma ‘joint venture’, na aquisição de fábricas ou de terrenos. Um alerta para os exportadores portugueses que se focalizam na mera procura de agentes importadores e distribuidores para os seus produtos.
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Finalmente, as zonas económicas especiais, os parques industriais e os parques de ciência e tecnologia integram as estratégias de atracção de investimento estrangeiro. No actual contexto de globalização as iniciativas nacionais devem ser aferidas pelas melhores práticas internacionais porque os investidores não deixam de comparar alternativas. Valerá a pena fazer o ‘benchmarking’ com as experiências similares na Ásia, nomeadamente ao nível dos incentivos, da organização e dos serviços proporcionados. Há aí muito a aprender.
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1) MIDA, Malaysia Investment in the Manufacturing Sector, Policies, Incentives and Facilities, 2007, 156 páginas. Consultar http://www.mida.gov.my/2) http://www.iskandar.com.my/
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Notas do Autor
"A AIMinho realizou, entre os passados dias 06 e 09 de Abril (2008), uma missão de reconhecimento a Tampere, na Finlândia, desenvolvida no âmbito do Estudo para o Ordenamento do Território Empresarial do Minho, um dos mais recentes projectos da associação.
[16-04-2008] [ Associação Industrial do Minho ]
[16-04-2008] [ Associação Industrial do Minho ]
Esta missão teve como principal objectivo estudar a história e trajectória de desenvolvimento de Tampere, uma cidade que tem vindo a crescer em média 5% desde o ano 2000, graças à reestruturação económica regional empreendida com base numa estratégia de inovação assente em clusters de proximidade.
2.
Cidades do Douro fazem aliança para o QREN
Cidades do Douro fazem aliança para o QREN
DN 25.05.2008, JOSÉ CARDOSO
A grande cidade do Douro nasceu esta semana em Peso da Régua, com a assinatura do protocolo de cooperação urbana que une as três cidades durienses: Vila Real, Régua e Lamego. Os três municípios, que formam agora a "Douro Alliance - Eixo Urbano do Douro", distam 30 quilómetros, estão ligados pela A24 e neles residem 100 mil pessoas, das quais 67 mil habitam nas zonas urbanas.
A grande cidade do Douro nasceu esta semana em Peso da Régua, com a assinatura do protocolo de cooperação urbana que une as três cidades durienses: Vila Real, Régua e Lamego. Os três municípios, que formam agora a "Douro Alliance - Eixo Urbano do Douro", distam 30 quilómetros, estão ligados pela A24 e neles residem 100 mil pessoas, das quais 67 mil habitam nas zonas urbanas.
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O projecto da nova cidade conta com a parceria da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, das associações comerciais e industriais de Vila Real e Peso da Régua e associações empresariais de Lamego e Vila Real. Além de estabelecer os objectivos do projecto, o protocolo assinado pelas três autarquias prevê a institucionalização da "Douro Alliance".
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Na primeira fase, o Gabinete Técnico do Eixo irá articular em rede as potencialidades dos três concelhos e elaborar os projectos que serão alvo de candidaturas ao Cidade Polis XXI, no âmbito do Programa Operacional Regional, que contará com os fundos comunitários do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN 2007-2013). A primeira acção da "Douro Alliance" está marcada para 5 de Junho , na Aula Magna da UTAD, onde decorrerá o "I Fórum da Cidadania: Cidade do Douro, Cidade do Mundo".
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Manuel Martins, presidente da câmara de Vila Real e um dos impulsionadores do projecto, disse ao DN que a proposta de criar um eixo urbano entre as três cidades surgiu no início dos anos 90 por intermédio do então ministro do Planeamento e Ordenamento do Território, Valente de Oliveira. " A ideia falhou por diversas razões. As acessibilidades na altura eram complicadas e a estrutura muito pesada".
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O território envolvente às cidades de Vila Real, Régua e Lamego, "vai beneficiar com o sucesso do projecto, que permitirá corrigir desequilíbrios, potenciar a fixação de massa crítica e combater a desertificação", sublinhou Manuel Martins. A sede da "Douro Alliance" ficará na Alameda de Grasse, em Vila Real.
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