Wednesday, January 21, 2009

21-01-2009 Tão Diferentes

O que dá a AIP ao Governo que a CIP e a AEP não dá? E o que dá o Governo à AIP que não dá à CIP e à AEP?
Portugal e Espanha: tão próximos e tão diferentes. Diferentes no modo como lidam com a internacionalização da economia. Espanha não improvisa, prepara-se com tempo. Países tão diferentes no rigor com que enfrentam os seus mercados prioritários como o demonstra o lançamento, em 2005, por parte do Ministério da Indústria, Turismo e Comércio de Espanha dos "Planes Integrales de Desarrollo de Mercados" (PIDM), dirigidos a onze países, entre eles a Índia, a China, o Japão e a Coreia do Sul.
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Fruto dum aprofundamento crescente das relações entre os dois países, a Espanha tem, actualmente, mais de 600 empresas presentes na China e HongKong enquanto escassíssimas são as empresas portuguesas por estas paragens. Desde o final dos anos 70 a Espanha tomou posição na China, quer com o apoio do PSOE quer do Partido Popular. A Inteco foi a primeira empresa ali a instalar-se. Depois, nos anos 80, chegou a Alsa, a Agrolimen e a Nutrexpa. Em 1987 foi criada, pelo Governo, a Comissão Mista Espanha-China e, em 1988, a empresa Técnicas Reunidas construiu a petroquímica de Fushun, na província de Liaoning.
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Em 1993 o "Consejo Superior de Cámaras de Comercio" de Espanha criou o "Comité Empresarial Hispano-Chino" para dinamizar as relações empresariais entre a Espanha e a China. Na sequência da visita de Felipe Gonzalez nesse ano, foi celebrado o contrato de construção da central eléctrica de Yahekou na província de Henan. E, em 1994, o Instituto Espanhol de Comércio Exterior (ICEX) levou a cabo, em Pequim, uma feira sobre a indústria e a tecnologia espanhola, a Expotecnia.
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Importantes iniciativas estruturantes tiveram lugar a partir de 2003. Primeiro, o "Ministerio de Asuntos Exteriores y de Cooperación" desenvolveu e publicou o "Plan de Acción Asia y Pacífico 2005-2008', com o objectivo de reforçar a importância da Ásia na política externa espanhola. Logo, depois, deu-se o lançamento do ‘Plan Integral de Desarrollo del Mercado China" (PIDM China), para o período 2005-2007, com um orçamento de 690 milhões de euros, que fez com que Espanha passasse, finalmente, a dispôr de um instrumento programático de intervenção mulitdimensional e multisectorial naquele país. Em 2005 foi consolidada a associação estratégica Espanha-China e foram feitos avultados investimentos na China, nomeadamente por parte da Telefónica e do BBVA. Com o "Ano da Espanha na China", em 2007, atingiu-se o ponto mais alto da década. Entre as mais de 250 actividades comerciais e culturais, que tiveram lugar, conta-se a participação em mais de 40 feiras e a realização de 30 missões comerciais à China e de 15 missões inversas. Entretanto, mais de 370 milhões de euros foram atribuídos ao novo PIDM China 2007-2009. Um flagrante contraste com a política de internacionalização de Portugal na China, que urge redefinição. Uma matéria ausente das preocupações dos partidos da oposição que têm partilhado o arco do poder. Outra diferença peculiar.
Entretanto, no encontro empresarial luso-espanhol que ocorrerá, esta semana, no contexto da cimeira entre Sócrates e Zapatero, Portugal poderá inspirar-se na intervenção da Espanha na China, sem a parasitar, e a partir daí vir a construir uma estratégia consequente, que financia, que divulga e que poderá, então, coordenar com o país vizinho.
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Este encontro torna, uma vez mais, evidente que o Governo tem privilegiado a AIP no processo de internacionalização da economia. AIP que merece, aliás, todo o apoio do Governo. Mas não se entende qual a racionalidade de uma tal prática. O que dá a AIP ao Governo que a CIP e a AEP não dá? E o que dá o Governo à AIP que não dá à CIP e à AEP? A internacionalização deve basear-se numa política de inclusão efectiva de todos os actores relevantes, alheia a todo o tipo de interferências que possam prejudicar a equidade das empresas no acesso aos canais de decisão e acção, sem subalternizações.
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Amado em Singapura O MNE da Holanda esteve em Singapura na semana que passou. Não há razões que justifiquem a Portugal manter um nível de representação inferior ao dos outros países da UE. Espera-se, firmemente, um decisivo aprofundamento das relações económicas, científicas e culturais com a República. Gong Xi Fa Cai!

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