Wednesday, September 19, 2007

19-09-2007 “Representative Office”

Nos mercados asiáticos, a criação de um ‘Representative Office’ é, sem dúvida, uma opção a considerar

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1037146.html

A internacionalização duma empresa é um processo complexo e arriscado, sobretudo para as PME. Não basta ter um projecto, com produtos ou serviços diferenciados e de excepcional qualidade, para ser capaz de o exportar com sucesso para diversos mercados.

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Múltiplos factores condicionam os resultados e, por consequência, a decisão de se internacionalizar obriga a sopesar argumentos favoráveis e desfavoráveis. Os conhecimentos e as competências exigidas ultrapassam em muito os requisitos dos mercados internos. Só algumas empresas estão em condições de dar um salto organizacional que se repercutirá ao nível da sua ‘corporate governance’. Há que aplicar as técnicas de marketing mais avançadas utilizadas, agora, em todos os cantos do mundo, do ocidente a oriente. Há que explorar as mais diversas formas de apoio a nascente e a jusante. E há que decidir qual a melhor estratégia de entrada. Nos mercados asiáticos, a criação de um ‘Representative Office’ é, sem dúvida, uma opção a considerar.

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As características, os conhecimentos e as competências dos empresários, a sua visão empresarial e o seu espírito empreendedor são factores cruciais na internacionalização. Mas a extensão e o ritmo de internacionalização, o aumento da dependência das empresas em relação aos mercados externos e a sua capacidade para criar vantagens competitivas, estão profundamente dependentes de factores ambientais externos no país de origem e nos de chegada, de factores organizacionais internos, como as características da equipa de gestão, a diferenciação dos recursos humanos, a capacidade financeira, as características da própria empresa, e de factores estratégicos, nomeadamente das estratégias de entrada nos mercados. Estas podem assumir múltiplas formas, desde a nomeação de agentes, importadores e distribuidores, à criação de uma sucursal, de uma empresa subsidiária, à constituição de uma ‘joint venture’, à aquisição de uma empresa local, ou à criação de uma empresa de raiz. As PPP permitem, ainda, outro tipo de soluções.

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A escolha da melhor estratégia de entrada não é fácil, nomeadamente porque ela deve assentar em conhecimentos sobre os mercados locais e o ambiente legal e institucional, que a empresa não dispõe à partida. Há, por outro lado, que reconhecer que os mercados são cada vez mais ‘networks of relationships’ entre empresas, entre empresários, entre gestores, e não apenas fluxos de mercadorias e serviços. E, por isso, requerem a presença no terreno de recursos humanos qualificados com elevada mobilidade que penetrem a todo o tempo o campo das oportunidades.

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Ora países asiáticos, como o Japão, o Vietname ou Singapura, legislaram condições favoráveis para a instalação de uma solução incremental: o “representative office’. Esta modalidade pode ser utilizada por organizações que pretendam vir a instalar-se no país ou que pretendam criar uma ‘hub’ regional.

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Destinam-se estes escritórios a permitir que as empresas avaliem a viabilidade do seu negócio nestes mercados, antes de fazerem investimentos, e que realizem actividades preparatórias para a sua instalação futura. Podem desenvolver contactos, recolher informações, levar a cabo estudos de mercado e campanhas publicitárias, dar informações a distribuidores, comunicar preços e condições de venda, identificar oportunidades de negócio. Mas não podem fazer vendas, realizar contratos, fazer consultoria remunerada, fazer ‘transshipment’ de produtos, negociar cartas de crédito. Não têm de possuir contabilidade organizada nem de manter registos. Estão isentas de impostos, apenas se lhes exigindo que assegurem o pagamento de IRS relativamente ao pessoal ao serviço e de contribuições para a segurança social. Podem permanecer com este estatuto por vários anos. O representante deverá ter um visto (‘pass holder’), ou ter o estatuto de ‘permanent resident’ ou ser cidadão nacional. Se o escritório resolver instalar-se definitivamente no país deverá posteriormente proceder à sua legalização como empresa.

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Do futuro ‘Business Centre’ da AICEP, em Singapura, se espera que venha a ser o incubador desta e de muitas das melhores oportunidades de negócio na Ásia.

Wednesday, September 5, 2007

05-09-2007. Uma nova era...

Economistas explicarão, um dia, porque é que Portugal é o último dos países desenvolvidos a estabelecer uma estratégia de reforço das relações com Singapura.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1032103.html

O Governo Português aproveitou bem o mês de Agosto para reacertar o passo com o sudeste asiático e com Singapura. É o recomeço de um longo e lento processo de tomada de decisão política iniciado nos anos oitenta. A aproximação entre os dois países começa, finalmente, a ganhar forma.
Historiadores, sociólogos e economistas explicarão, um dia, porque é que Portugal é o último dos países desenvolvidos a estabelecer uma estratégia de reforço das relações políticas, económicas e culturais com Singapura.

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Em 1785, já havia um Cônsul Geral de Portugal na ilha, José de Almeida, que dá o nome à ‘Almeida Street’. Mas a história recente das relações entre os dois Estados tem apenas um quarto de século. Em Fevereiro de 1982, Melo Gouveia apresentou credenciais junto do Presidente Devan Nair, sendo Embaixador residente em Banguecoque. Foi o primeiro representante de Portugal junto da República. Um segundo impulso ocorreu a partir do final dos anos noventa e gravitou à volta de Sines. Primeiro, foi a supressão de vistos que veio a ser consagrada por Guterres em Janeiro de 1998. Na sequência da decisão, de 1997, de transformar Sines no maior porto de ‘transhipment’ de contentores do Atlântico e do Mediterrâneo Ocidental, veio a ser assinado com a PSA de Singapura, em Junho de 1999, o acordo para esta empresa construir o terminal de contentores de Sines. Finalmente, a Convenção entre a República Portuguesa e Singapura para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento foi assinada, em Singapura, em Setembro de 1999. Em Fevereiro de 2000, em trânsito para Timor Leste, Sampaio visitou Nathan, o Presidente da República. No ano seguinte, Singapura reduziu a sua participação no capital dum importante grupo português.

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Um terceiro impulso teve origem em Barroso que, em Maio de 2002, terá visitado o PM de Singapura, Goh Chok Tong, e a PSA. Em Junho de 2002, numa apresentação à Comissão de Política Externa do Parlamento afirmava o então MNE que “as nossas relações com a Ásia, especialmente com a Índia e o Paquistão, mas também com a China, o Japão, a Coreia do Sul, as Filipinas e Singapura, têm de ser redimensionadas nos planos político, económico e cultural”. Goh Chok Tong visitou Portugal no final de 2003. A partir dos relatos internacionais desta visita sabe-se que as expectativas nunca se concretizaram. Em Fevereiro de 2006, em trânsito por Singapura, Sampaio voltaria a encontrar-se com o Presidente.

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O quarto impulso foi desencadeado nos inícios de 2006. Em Maio, Basílio Horta considerou Singapura um mercado prioritário. Numa interpelação parlamentar sobre política económica e emprego, em Junho, Manuel Pinho deu conta do forte aumento das exportações para fora da Europa, nomeadamente para Singapura. Na versão para discussão pública da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável, de 2006, referia-se a necessidade de um reforço das relações com outras regiões inovadoras e dinâmicas do mundo e apontava-se para a instalação de pólos da rede API/ICEP/AdI em cidades da “Grande China” e da Índia - tendo como centro as relações de Portugal com Singapura. Em Março de 2007, no contexto da reunião UE-ASEAN em Nuremberga, Luis Amado teve contactos bilaterais com a Malásia, Singapura e a Indonésia. Em Agosto passado foi publicada a nomeação de Faria e Maya como novo Embaixador em Singapura, embora residente em Banguecoque. No final do mês foi a vez da AICEP dar a conhecer o Plano de Restruturação da sua rede externa, onde se destaca quer uma atenção especial à Asia quer a criação duma ‘business unit’ em Singapura. Logo de seguida reuniram-se, em Lisboa, os MNE de Portugal e de Singapura que concluiram ser oportuno o reforço das relações políticas e económicas entre os dois países. George Yeo acolheu positivamente a proposta portuguesa de criar um Centro de Negócios em Singapura para facilitar o desenvolvimento da cooperação económica entre Portugal e o sudeste asiático. Recorde-se que, há alguns meses, Sócrates convidou Lee Hsien Loong, PM de Singapura, a visitar Portugal.

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Empresários, centros de pesquisa, jovens graduados é chegada a hora de avançar.