Wednesday, August 22, 2007

22-08-2007 . Democracia e Eficácia

A democracia é a melhor forma de governo de uma nação. Mas este meio posto ao serviço do bem comum e do interesse nacional não garante por si só óptimos resultados.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1027911.html

Não é a dimensão que determina o sucesso duma nação. Nem tão pouco os recursos naturais. A democracia favorece mas, em última instância, é o modo como cada sociedade e os seus actores políticos fazem uso da democracia que dá lugar à satisfação das expectativas e necessidades dos cidadãos. É, por isso, urgente incentivar a mudança de atitudes dos portugueses face à acção política, aos actores políticos e ao sistema político.
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A democracia é a melhor forma de governo de uma nação. Mas este meio posto ao serviço do bem comum e do interesse nacional não garante por si só óptimos resultados. A democracia é um pré-requisito, um factor favorável, mas não é instrumento suficiente para satisfazer as necessidades do país. Há democracias capazes de obter elevados níveis de bem estar e outras que estão longe de alcançar tal desiderato. O modelo democrático contém um conjunto essencial de princípios, de estruturas e de processos políticos e administrativos estandardizados, qual ‘hardware’, que permite operar com múltiplas combinações de ideologias, de políticas e de estilos de liderança as quais produzem distintos resultados. Os políticos, os padrões de acção colectiva e de acção política, os processos políticos, as políticas substantivas e os padrões de implementação das políticas constituem como que o ‘software’ da democracia e determinam em larga medida o resultado final do sistema político. Quando os actores da política, os líderes nacionais, regionais ou locais, os líderes sectoriais, os sindicalistas e os empresários, os professores e os estudantes, os cidadãos em geral, gastam as suas energias na crítica cínica e sistemática, o país desperdiça energias, perde força e estagna. Quando a maioria dos cidadãos investe na procura sistemática e inovadora, na construção e na aplicação de soluções para a melhoria da empresa onde trabalha e da comunidade onde vive, o país progride. Uma sociedade que se entretém com o lado emocional da política não consegue alcançar os mesmos resultados que aquela que se aplica na construção racional e aprofundada das políticas.

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Política racional é a que Singapura revela ao mundo. No segundo trimestre de 2007 a economia cresceu 8,6% e está melhor que nunca, vibrante e competitiva. Nos últimos cinco anos cresceu a uma taxa de 6,1% ao ano e, segundo as estimativas conservadoras do Governo, crescerá nos próximos 5 a 10 anos a uma taxa de 4 a 6%. O PIB per capita foi, em 2006, de 29,474 dólares americanos. O desemprego situa-se, hoje, nos 2,4%. Para isto Singapura paga bem aos seus políticos e aos funcionários públicos. Para ter resultados inquestionáveis, para poder seleccionar os melhores e para prevenir a corrupção. A compensação está associada ao crescimento económico. Em tempo de crise económica baixam os salários dos políticos e funcionários, de cima a baixo. O Parlamento tem, apenas, 84 deputados. Por sua vez, os salários dos ministros são dos mais elevados do mundo e virão a corresponder a 2/3 da mediana do rendimento dos 48 contribuintes das seis profissões mais bem pagas, em 2008, a que acrescem os prémios de desempenho da economia. Em 1985, Lee Kuan Yew afirmava que era um dos ministros mais bem pagos mas provavelmente um dos mais pobres primeiros ministros do terceiro mundo.

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Singapura não invoca a sua pequena dimensão para falar do seu desenvolvimento. Minúsculo país, de menos de 700 km2 (menos de 1% de Portugal), gere 16 portos em 11 países. Investe largamente no estrangeiro. Mais de 500 projectos de investimento em curso no Vietname, com um valor aproximado de 7 mil milhões de euros. Mais de 2000 empresas de Singapura operam em Xangai.Singapura não tem água. Transformou um problema numa oportunidade. Das suas necessidades de água, 50% tem origem na chuva, 10% é dessalinizada e 40% é comprada à Malásia. Inovou, produziu soluções, Hoje tem água reciclada pura. No passado dia 15, Singapura recebeu na Suécia o “Stockholm Industry Water Award”, que premeia a inovação tecnológica no reaproveitamento da água. A Organização Mundial de Saúde fez uma parceria com a PUB de Singapura para promover a qualidade da água de beber nos países em desenvolvimento.

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Democracia eficaz precisa-se.

Wednesday, August 8, 2007

08-08-2007. Culturas e Negócios

Em tempo de internacionalização, conhecer as diferenças culturais é a primeira condição de sucesso

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1024567.html
Férias. Cruzam-se fronteiras, exploram-se novos ambientes. Fala-se, interage-se, observam-se outras gentes. Experimentam-se diferenças. Interrogam-se outros modos de viver, de pensar e de fazer dos povos que se visitam. Alargam-se as vistas e acrescenta-se mundo ao mapa mental. De volta trazem-se ideias, projectos, mesmo soluções. Mas também um melhor entendimento das identidades alheias. E do que pensam dos portugueses. Estereótipos! Mas, em tempo de internacionalização, conhecer as diferenças culturais é a primeira condição de sucesso.
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Quem passa por Singapura encontra-a aberta e cosmopolita. Escancarada às empresas estrangeiras e aos estrangeiros. Uma sociedade multi-étnica bem integrada de chineses, malaios, indianos, euroasiáticos. Muitas religiões, diversas línguas. Muito hierarquizada entre patrões e empregados como entre pais e filhos. Sagrado é o respeito e a obediência aos mais velhos. O grupo é mais importante que o indivíduo. A família alargada e os amigos chegados constituem o alicerce da estrutura social. Ter bom nome, bom caracter e ser estimado são qualidades pessoais muito apreciadas. A falta de respeito não é tolerada. Não há ‘graffiti’ nas paredes. Há que salvaguardar sempre a face de todos e de cada um. Para manter a harmonia em todo o tipo de relações.
Os negócios só se fazem entre pessoas. Não entre empresas. E se se chegarem a relações pessoais duradouras. A empresa estrangeira tem que demonstrar que veio para ficar e não para realizar ganhos fáceis e rápidos. Negócios fazem-se todo o ano, embora Junho seja o período em que mais pessoas fazem férias. Os empresários locais são negociadores difíceis no que toca a preço e prazos. Há que planear cedências que não ponham em risco o interesse do negócio. As decisões alcançam-se por consenso. A afabilidade é a norma. Há que nunca mostrar irritação. Comunicação não verbal é mais importante que palavras. A expressão facial, o tom e a postura corporal são as mais reveladoras. Como o é o silêncio. Em vez de dizer “não” dirão que “vão tentar”. É preciso reinterpretar os sinais para além do que se ouve. Bem diferente do mundo ocidental de discurso directo.

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Do lado de cá está Portugal. Quem o visita e estuda diz que ainda é uma sociedade tradicional, conservadora e ainda muito fechada sobre si. Os estrangeiros vivem ainda segregados. A família é a mais importante fonte de estabilidade. Prevalece sobre as relações sociais. Sobrepõe-se mesmo na vida empresarial. Observam que se empregam as pessoas que se conhecem e em quem se confia. Uma forma de nepotismo resistente.

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Reconhecem que os portugueses são delicados, mesmo formais, no relacionamento social. Que são contidos e pouco espontâneos. Nas zonas urbanas valorizam muito o aspecto exterior. Dão muita importância às “modas” e acreditam que a forma de vestir é um indicador decisivo de sucesso e de posição social. Usam as melhores roupas e as marcas mais conhecidas.

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Da sociedade portuguesa e do mundo dos negócios dizem que são altamente estratificados. As hierarquias são muito respeitadas. Os graduados são sempre tratados por títulos. Esperam que a decisão venha sempre de cima. Nos negócios o poder e a autoridade estão concentrados numa só pessoa que decide sem se preocupar com a criação de consensos com os subordinados. Na decisão e na resolução dos problemas ainda prevalece uma abordagem autoritária. Da produtividade e da eficiência decisionais afirmam que deixam muito a desejar. Que o ritmo é lento. Que aos mais diversos níveis se tomam diariamente poucas decisões. Podiam usar mais e melhor a inteligência que possuem. Os assuntos são mal estudados. Os negócios fazem-se com quem se conhece e as decisões são tomadas em reuniões pessoais.

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Longas introduções pessoais precedem os contactos de negócios. Contactos escritos são vistos como impessoais. Os contratos são cumpridos. Mas a pontualidade e cumprimento de datas não são necessariamente observados. Críticas directas não são bem vistas. Agosto é mês perdido para decisões empresariais, bem ao contrário das terras do sol nascente.

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Semelhanças e contrastes para meditar antes dum novo ano de trabalho.