Wednesday, February 21, 2007

21.02.2007: Muito mais Talento Estrangeiro

Durante muitos anos Portugal assistiu ao êxodo de empresas e de gestores estrangeiros sem reagir estrategicamente.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/741714.html

A mudança em Portugal exige, não apenas o empenhamento de todos os portugueses e um forte investimento nacional e estrangeiro, mas também um decisivo e qualificado influxo de talento estrangeiro. Não existem obstáculos naturais que impeçam Portugal de ser modelo. Porventura, o ‘handicap’ está nas mentalidades dos portugueses que agentes externos podem mais facilmente ajudar a ultrapassar.
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Xin Nian Kuai Le! Feliz Ano Novo! É o ano do Porco que se inicia. Para comemorar teve lugar o jantar de fim de ano (’reunion dinner’) com toda a família. Mike Wong é casado com uma professora indiana. Alguns dos seus cunhados são malaios. Um deles é europeu. Numa cidade cosmopolita confraterniza-se partilhando os costumes. É assim Singapura, pequena ilha (693km2) localizada entre a Malásia e a Indonésia que, em 1990, tinha 2,7 milhões de habitantes mas que, hoje, ultrapassa os 4,5 milhões de habitantes, 77% dos quais de origem chinesa, 14% malaios, 8% indianos e os restantes euroasiáticos, muitos deles com sangue português. O Governo do país mais avançado do sudeste asiático, e da ASEAN, com uma taxa de crescimento do PIB de 7,9%, em 2006, e que exportou cerca de 215 biliões de euros no ano passado, quer que em 2025 a cidade estado alcance os 6,5 milhões de habitantes. Em larga medida à custa da imigração de talento estrangeiro. Que alguns comentam deve atrair mais empresários e não apenas cientistas e outros profissionais. É com este ritmo, com esta abertura, também com esta determinação que o país responde à emergência da China e da Índia como grandes potências económicas.
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Singapura, por alguns chamado de ‘litttle red dot’, tem sido capaz de criar modelos que muitos países asiáticos têm tomado como referência. É o caso das Zonas Económicas Especiais e dos Parques Industriais instalados na China, Índia, Indonésia e Vietname.
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A China irá proximamente aproveitar o modelo Temasek. O Governo de Singapura, mercê do sucesso da sua governação, obteve um excesso de reservas. E, por isso, em 1974 criou a Temasek Holdings para aplicar esses valores localmente, como também noutros países da Ásia e da OCDE, nas áreas das telecomunicações, media, serviços financeiros, imobiliário, transporte e logística, energia, infraestrutura, engenharia e tecnologia, farmacêutica e biociência. Actualmente esses investimentos situam-se na ordem dos 65 biliões de euros. Em 1981, criou um outro veículo, a Global Investment Management Company, que detém actualmente 77 biliões de euros em reservas cambiais, aplicações de capital, bens imobiliários, investimento em acções, etc. Ora a China, que detém actualmente US$1,07 trilião de reservas decidiu adoptar o mesmo modelo. Um quinto das suas reservas (US$210 biliões) será administrada pela The State Foreign Exchange Investment Co (modelo GIC). Uma nova empresa de investimentos, tipo Temasek Holdings, fará a gestão de US$100 biliões. SAFE (‘State Administration of Foreign Exchange’) fará a gestão as restantes reservas.
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Durante muitos anos Portugal assistiu ao êxodo de empresas e de gestores estrangeiros de multinacionais, de médias empresas, sem reagir adequadamente quer tactica quer estrategicamente. Herbert, um engenheiro austríaco, foi um desses casos. Desde há dois anos e meio é CEO duma das 2.000 empresas que se instalaram no China-Singapore Suzhou Industrial Park, em Shanghai, onde não há empresas portuguesas nem portugueses. Mas há brasileiros. Na sua multinacional reporta a um director espanhol. Ele, que dirigiu ao longo de sete anos uma empresa em Portugal lamenta: Portugal está a dormir. Para logo acrescentar, como que a reconhecer alguma mudança: Mas Sócrates esteve em Shanghai e deu-se por isso.
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Portugal deve atrair deliberada e agressivamente talento estrangeiro. Não apenas no futebol. Os países mais avançados procuram reter e atrair empresários e profissionais com conhecimento e experiência que favoreçam a modernização e o crescimento acelerado da economia neste mundo globalizado.

Wednesday, February 7, 2007

07-02-2007 Aeroporto em boa companhia

O aeroporto da Ota deverá constituir muito mais que uma moderna infra-estrutura de transporte aeroportuário.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/736744.html

Um aeroporto para ser nomeado o melhor do mundo. É a esse nível que deve ser colocada a fasquia para a Ota. Num país que se orgulha de Vasco da Gama, deve pedir-se-lhe que como o navegador tenha o céu como limite.

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A Ota, como ideia e projecto, é já parte do futuro de Portugal. Um futuro de reconquista duma posição avançada no concerto das nações. E, por isso, deverá ser uma obra pioneira do ponto de vista tecnológico.

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Essa obra, que a partir de 2017 irá fazer parte da imagem de Portugal no mundo, exporá uma estética e uma funcionalidade que hão-de perdurar para além de 30 anos. E, por isso, deverá ser uma obra de excelência.

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O modelo subjacente ao projecto da Ota implicará a transferência do monopólio público da ANA, a que pertencem todas as infra-estruturas aeroportuárias, para um monopólio privado embora com alguma participação pública. E, por isso, deverá desenvolver-se no quadro duma exigente e eficaz regulação pública, como bem sugeriu Vital Moreira. A máxima transparência, qualidade e consideração pelos diferentes “stakeholders” deverão ser permanentemente asseguradas. Uma boa prática adoptada pelos vinte países que enveredaram, desde 1987, pela privatização dos seus aeroportos.

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O aeroporto da Ota deverá constituir muito mais que uma moderna infra-estrutura de transporte aeroportuário, que se torna necessário construir como “reacção” antecipada a um crescimento esperado da procura. Num contexto duma acelerada globalização, a Ota poderá desempenhar uma função proactiva, catalizadora do crescimento economico no médio e longo prazo, oferecendo um poderoso sistema de serviços com significativo alcance nacional, regional e intercontinental, acrescentando valor decisivo para as economias portuguesa e europeia. E tanto maior quanto mais compreensiva fôr a visão que enforme o projecto, quanto maior fôr a capacidade, a competência e o posicionamento daqueles a quem competir a concepção do seu ‘business plan’, a sua arquitectura e a sua gestão no quadro do modelo adoptado. A Ota poderá ser uma das componentes estruturantes mais relevantes dum novo modelo de desenvolvimento económico. Inspiradora poderá ser a experiência de Singapura que teve, em 2006, 9,7 milhões de visitantes, ao mesmo tempo que o Changi Airport atraía 35 milhões de passageiros e 1,9 milhões de toneladas de carga.

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Este sucesso é o resultado duma dinâmica e eficaz coordenação económica do país, mas deve-se, em larga medida, a uma “hub” eficaz, a uma gestão forte e eficiente e a uma procura sustentada da qualidade. O Changi Airport é um retumbante êxito, com 250 prémios atribuídos, 25 dos quais em 2006, ano em que foi galardoado, pela Skytrax Research (55 critérios de avaliação), como “o melhor aeroporto do mundo”. As suas taxas de aterragem são das mais baixas. Extraordinàriamente eficiente e “customer friendly”, proporciona ao passageiro a recolha da bagagem vinte minutos após a aterragem, após a passagem pelo controle dos Serviços de Imigração. Resultados como estes levaram a que, a 12 de Dezembro de 2006, a gestão operacional dos “Abu Dhabi Airports” tenha sido atribuída ao Changi Airports International of Singapore. E, mais recentemente, também lhe foi solicitada a assessoria no planeamento do New Midfield Terminal Complex, uma obra de US$6,8 biliões para acomodar a procura de mais 40 milhões de passageiros que se dirijam ao Abu Dhabi.

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O Changi Airport serve 80 transportadoras aéreas com 4.000 vôos para mais de 180 cidades em 57 países. Mas um bom Aeroporto tem vantagem em estar em boa companhia. E a parelha Singapore Airlines-Changi Airport prestigiam Singapura e contribuem para a sua posição ímpar na economia mundial. Tanto mais quanto é facto que o ROE da transportadora se aproxima dos 10% e a sua qualidade foi uma vez mais reafirmada, em 2006, através das cinco estrelas da qualidade da Skytrax que foram igualmente atribuídas à Malaysia Airlines, à Cathay Pacific Airways e à Qatar Airways. E o que será a TAP em 2017?

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Nota 1. Neste artigo a localização do aeroporto não é discutida mas sim a visão, o modelo, o conceito que o enforma.

Nota 2. Decisão tomada a 10.1.2008. Boas notícias:

http://jn.sapo.pt/2008/01/12/primeiro_plano/aeroporto_criar_cidade_seu_redor.html

Nota 3. O melhor aeroporto do mundo, Pedro Santos Guerreiro, Jornal de Negócios, 11.1.2008

http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=309125

Nota 4

Aeroporto de Singapura entra na corrida a Alcochete (Diário Económico 16.5.2008)

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/internacional/empresas/pt/desarrollo/1124047.html

A operadora asiática está prestes a concluir as negociações para entrar no consórcio formado pela Brisa e pela Mota-Engil.Nuno Miguel Silva

A entidade gestora do aeroporto de Singapura está a fechar as negociações para integrar o consórcio Asterion, liderado pela Mota-Engil e pela Brisa, para concorrer à privatização e à construção e gestão do novo aeroporto internacional de Lisboa, no Campo de Tiro de Alcochete. Diversas fontes ligadas a este agrupamento – que reúne também a Somague, Caixa Geral de Depósitos, BCP, BES e, mais recentemente, a Lena e a MSF – confirmaram que “as conversações estão perto do final”.Apesar de solicitarem o anonimato, estes responsáveis adiantaram que a participação da Changi Airport Singapore, entidade estatal daquele país asiático responsável pela gestão do aeroporto local, irá participar no concurso para o novo aeroporto internacional de Lisboa, não apenas na qualidade de consultora, mas também como accionista. No entanto, não está ainda definida a participação que a gestora aeroportuária de Singapura irá deter no consórcio Asterion.

Quer António Mota, quer Vasco de Mello, líderes do referido consórcio, reconheceram em diversas ocasiões ao longo dos últimos meses que o consórcio tinha ainda uma porta aberta para a entrada de um novo sócio internacional que detivesse ‘know-how’ específico no negócio da gestão aeroportuária. No decurso do processo de negociações, terá sido escolhido pelos líderes da Asterion um conjunto de 12 entidades com este perfil, que desembocou numa ‘short list’ de duas entidades: as operadoras dos aeroportos internacionais de Singapura e de Viena de Áustria. A escolha do consórcio português recaiu na operadora asiática.

Ontem, Jorge Coelho – num encontro com jornalistas para apresentar uma conferência internacional sobre transporte aéreo, aeroportos e navegação aérea, que terá lugar em Lisboa na última semana de Maio (ver caixa) – sublinhou que estará presente nesse evento Chow Kok Fong, o presidente do aeroporto de Singapura. E o ex-ministro das Obras Públicas adiantou que essa presença teria tanto mais significado pelo facto de “esta empresa estar interessada em integrar o consórcio da Asterion para gerir o novo aeroporto internacional de Lisboa”.Jorge Coelho, que irá presidir à referida conferência – além de assumir o cargo de CEO da Mota-Engil, accionista do consórcio Asterion, a partir de 26 de Maio próximo – acrescentou que esta escolha da Changi Airport Singapore tem ainda um aliciante extra, que é o facto de o aeroporto de Singapura ser utilizado maioritariamente pela Singapore Airlines, uma das mais premiadas companhias aéreas de todo o Mundo, que, tal como a TAP, integra a Star Alliance.

Uma referência na Ásia

O actual aeroporto de Singapura foi inaugurado em 1981 é um dos mais modernos, eficientes e movimentados em todo o Mundo. Opera com mais 80 de companhias aéreas regulares, estabelecendo ligações com mais de 180 cidades em mais de 50 países. Com a recente abertura, em Janeiro, do terminal 3, o aeroporto internacional de Changi ficou habilitado a movimentar mais de 70 milhões de passageiros anuais.Além de ser a sede da Singapore Airlines, alberga também a SIA Cargo, a subsidiária SilkAir, a ‘low cost’ Tiger AirWays e a Jetstar (anteriormente Jetstar Ásia, fundida com a Valuer em 2005). Por semana, o aeroporto internacional de Singapura, localizado a cerca de 20 quilómetros da cidade-estado, é utilizado semanalmente para quase 4.200 voos.A Changi Airport Singapore emprega cerca de 13.000 funcionários, colocando-o como um dos maiores activos económicos daquele tigre asiático. Disputa regularmente com os aeroportos de Tóquio, de Incheon (Seul, na Coreia do Sul) de Hong Kong (Chek Lap Kok), de Kuala Lumpur (Malásia) ou de Banguecoque (Tailândia) os ‘rankings’ e os prémios