http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/736744.html
Um aeroporto para ser nomeado o melhor do mundo. É a esse nível que deve ser colocada a fasquia para a Ota. Num país que se orgulha de Vasco da Gama, deve pedir-se-lhe que como o navegador tenha o céu como limite.
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A Ota, como ideia e projecto, é já parte do futuro de Portugal. Um futuro de reconquista duma posição avançada no concerto das nações. E, por isso, deverá ser uma obra pioneira do ponto de vista tecnológico.
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Essa obra, que a partir de 2017 irá fazer parte da imagem de Portugal no mundo, exporá uma estética e uma funcionalidade que hão-de perdurar para além de 30 anos. E, por isso, deverá ser uma obra de excelência.
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O modelo subjacente ao projecto da Ota implicará a transferência do monopólio público da ANA, a que pertencem todas as infra-estruturas aeroportuárias, para um monopólio privado embora com alguma participação pública. E, por isso, deverá desenvolver-se no quadro duma exigente e eficaz regulação pública, como bem sugeriu Vital Moreira. A máxima transparência, qualidade e consideração pelos diferentes “stakeholders” deverão ser permanentemente asseguradas. Uma boa prática adoptada pelos vinte países que enveredaram, desde 1987, pela privatização dos seus aeroportos.
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O aeroporto da Ota deverá constituir muito mais que uma moderna infra-estrutura de transporte aeroportuário, que se torna necessário construir como “reacção” antecipada a um crescimento esperado da procura. Num contexto duma acelerada globalização, a Ota poderá desempenhar uma função proactiva, catalizadora do crescimento economico no médio e longo prazo, oferecendo um poderoso sistema de serviços com significativo alcance nacional, regional e intercontinental, acrescentando valor decisivo para as economias portuguesa e europeia. E tanto maior quanto mais compreensiva fôr a visão que enforme o projecto, quanto maior fôr a capacidade, a competência e o posicionamento daqueles a quem competir a concepção do seu ‘business plan’, a sua arquitectura e a sua gestão no quadro do modelo adoptado. A Ota poderá ser uma das componentes estruturantes mais relevantes dum novo modelo de desenvolvimento económico. Inspiradora poderá ser a experiência de Singapura que teve, em 2006, 9,7 milhões de visitantes, ao mesmo tempo que o Changi Airport atraía 35 milhões de passageiros e 1,9 milhões de toneladas de carga.
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Este sucesso é o resultado duma dinâmica e eficaz coordenação económica do país, mas deve-se, em larga medida, a uma “hub” eficaz, a uma gestão forte e eficiente e a uma procura sustentada da qualidade. O Changi Airport é um retumbante êxito, com 250 prémios atribuídos, 25 dos quais em 2006, ano em que foi galardoado, pela Skytrax Research (55 critérios de avaliação), como “o melhor aeroporto do mundo”. As suas taxas de aterragem são das mais baixas. Extraordinàriamente eficiente e “customer friendly”, proporciona ao passageiro a recolha da bagagem vinte minutos após a aterragem, após a passagem pelo controle dos Serviços de Imigração. Resultados como estes levaram a que, a 12 de Dezembro de 2006, a gestão operacional dos “Abu Dhabi Airports” tenha sido atribuída ao Changi Airports International of Singapore. E, mais recentemente, também lhe foi solicitada a assessoria no planeamento do New Midfield Terminal Complex, uma obra de US$6,8 biliões para acomodar a procura de mais 40 milhões de passageiros que se dirijam ao Abu Dhabi.
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O Changi Airport serve 80 transportadoras aéreas com 4.000 vôos para mais de 180 cidades em 57 países. Mas um bom Aeroporto tem vantagem em estar em boa companhia. E a parelha Singapore Airlines-Changi Airport prestigiam Singapura e contribuem para a sua posição ímpar na economia mundial. Tanto mais quanto é facto que o ROE da transportadora se aproxima dos 10% e a sua qualidade foi uma vez mais reafirmada, em 2006, através das cinco estrelas da qualidade da Skytrax que foram igualmente atribuídas à Malaysia Airlines, à Cathay Pacific Airways e à Qatar Airways. E o que será a TAP em 2017?
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Nota 1. Neste artigo a localização do aeroporto não é discutida mas sim a visão, o modelo, o conceito que o enforma.
Nota 2. Decisão tomada a 10.1.2008. Boas notícias:
http://jn.sapo.pt/2008/01/12/primeiro_plano/aeroporto_criar_cidade_seu_redor.html
Nota 3. O melhor aeroporto do mundo, Pedro Santos Guerreiro, Jornal de Negócios, 11.1.2008
http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=309125
Nota 4
Aeroporto de Singapura entra na corrida a Alcochete (Diário Económico 16.5.2008)
A operadora asiática está prestes a concluir as negociações para entrar no consórcio formado pela Brisa e pela Mota-Engil.Nuno Miguel Silva
A entidade gestora do aeroporto de Singapura está a fechar as negociações para integrar o consórcio Asterion, liderado pela Mota-Engil e pela Brisa, para concorrer à privatização e à construção e gestão do novo aeroporto internacional de Lisboa, no Campo de Tiro de Alcochete. Diversas fontes ligadas a este agrupamento – que reúne também a Somague, Caixa Geral de Depósitos, BCP, BES e, mais recentemente, a Lena e a MSF – confirmaram que “as conversações estão perto do final”.Apesar de solicitarem o anonimato, estes responsáveis adiantaram que a participação da Changi Airport Singapore, entidade estatal daquele país asiático responsável pela gestão do aeroporto local, irá participar no concurso para o novo aeroporto internacional de Lisboa, não apenas na qualidade de consultora, mas também como accionista. No entanto, não está ainda definida a participação que a gestora aeroportuária de Singapura irá deter no consórcio Asterion.
Quer António Mota, quer Vasco de Mello, líderes do referido consórcio, reconheceram em diversas ocasiões ao longo dos últimos meses que o consórcio tinha ainda uma porta aberta para a entrada de um novo sócio internacional que detivesse ‘know-how’ específico no negócio da gestão aeroportuária. No decurso do processo de negociações, terá sido escolhido pelos líderes da Asterion um conjunto de 12 entidades com este perfil, que desembocou numa ‘short list’ de duas entidades: as operadoras dos aeroportos internacionais de Singapura e de Viena de Áustria. A escolha do consórcio português recaiu na operadora asiática.
Ontem, Jorge Coelho – num encontro com jornalistas para apresentar uma conferência internacional sobre transporte aéreo, aeroportos e navegação aérea, que terá lugar em Lisboa na última semana de Maio (ver caixa) – sublinhou que estará presente nesse evento Chow Kok Fong, o presidente do aeroporto de Singapura. E o ex-ministro das Obras Públicas adiantou que essa presença teria tanto mais significado pelo facto de “esta empresa estar interessada em integrar o consórcio da Asterion para gerir o novo aeroporto internacional de Lisboa”.Jorge Coelho, que irá presidir à referida conferência – além de assumir o cargo de CEO da Mota-Engil, accionista do consórcio Asterion, a partir de 26 de Maio próximo – acrescentou que esta escolha da Changi Airport Singapore tem ainda um aliciante extra, que é o facto de o aeroporto de Singapura ser utilizado maioritariamente pela Singapore Airlines, uma das mais premiadas companhias aéreas de todo o Mundo, que, tal como a TAP, integra a Star Alliance.
Uma referência na Ásia
O actual aeroporto de Singapura foi inaugurado em 1981 é um dos mais modernos, eficientes e movimentados em todo o Mundo. Opera com mais 80 de companhias aéreas regulares, estabelecendo ligações com mais de 180 cidades em mais de 50 países. Com a recente abertura, em Janeiro, do terminal 3, o aeroporto internacional de Changi ficou habilitado a movimentar mais de 70 milhões de passageiros anuais.Além de ser a sede da Singapore Airlines, alberga também a SIA Cargo, a subsidiária SilkAir, a ‘low cost’ Tiger AirWays e a Jetstar (anteriormente Jetstar Ásia, fundida com a Valuer em 2005). Por semana, o aeroporto internacional de Singapura, localizado a cerca de 20 quilómetros da cidade-estado, é utilizado semanalmente para quase 4.200 voos.A Changi Airport Singapore emprega cerca de 13.000 funcionários, colocando-o como um dos maiores activos económicos daquele tigre asiático. Disputa regularmente com os aeroportos de Tóquio, de Incheon (Seul, na Coreia do Sul) de Hong Kong (Chek Lap Kok), de Kuala Lumpur (Malásia) ou de Banguecoque (Tailândia) os ‘rankings’ e os prémios
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