É do lado do sol nascente que estão a surgir as melhores oportunidades, nomeadamente na China e na Índia.
A actual crise financeira desencadeada, nos EUA, por práticas neo-liberais excessivas provocou um verdadeiro “efeito dominó” sobre todos os sistemas financeiros e económicos. O factor desencadeante (‘trigger effect’) é conhecido: o crédito hipotecário. Entre os factores de reforço está, decerto, o ambiente de desregulação. Caso para se questionar se os ‘checks and balances’ se devem, ou não, aplicar sempre aos sistemas económicos, como o são aos sistemas políticos. Onde há comportamento humano há pulsões que podem requerer contenção.
A ruptura política de Obama, que nestes dias teve lugar nos EUA, está em melhores condições para contribuir para a introdução do equilíbrio de que o sistema carece a nível global.
Mas não se discutem, por ora, os factores predisponentes da crise associados ao estado da economia real dos EUA, de que a crise da General Motors/Chrysler, a crise da indústria automóvel norte-americana, mais não é do que um sintoma. Um sintoma da progressiva perda da posição dominante da economia norte americana em relação à economia global, cuja energia flui, hoje, mais do Oriente que do Ocidente. Nunca, como hoje, a análise prospectiva da evolução da economia mundial nos próximos cinco, dez, vinte ou trinta anos, e das alternativas estratégicas, se tornou matéria urgente, não apenas para americanos mas também para europeus. Porque o futuro já está aí.
Muito embora sejam várias as empresas que em Portugal só descobriram as oportunidades da economia norte americana na fase descendente do ciclo, é do lado do sol nascente que estão a surgir as melhores oportunidades, nomeadamente nas cidades emergentes, como Hangzhou, Chen-gdu, Nanjing, Tianjin, Shenyang, Chongqing, na China, Mumbai, Bangalore, Hyderabad, Pune, Chennai ou Calcutá, na Índia.
E, sendo isto verdade, nada garante que nisto acreditem as empresas portuguesas. A menos que as autoridades portuguesas, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia o afirmem, ou disso dêem conta as instituições representativas como a AEP, a AIP ou a CIP. O que, afinal, torna muito semelhantes as práticas das empresas portuguesas e das empresas asiáticas. Só avançam em missões comerciais quando enquadradas pelas autoridades e pelas associações empresariais. E, por este facto, os empresários e gestores portugueses quando se deslocam em missão a outros países precisam de atribuir uma importância significativa, também, aos encontros com as autoridades centrais, regionais ou locais e com as organizações empresariais que afinal são quem lhes abre as portas do negócio.
Uma missão às cidades emergentes asiáticas comporta sempre, antes das reuniões com os parceiros potenciais, apresentações sobre a economia do país, ou da região e da cidade. Assinam-se acordos e trocam-se presentes. E, naturalmente, as autoridades esperam que os empresários estrangeiros visitem e apreciem os seus símbolos culturais. Como muito bem sabem os gestores e empresários portugueses, a internacionalização exige atitudes e comportamentos adequados. Exige educação apropriada. Implica muito conhecimento, muitas competências. E em matéria de relações públicas quem as não tem que não tarde em obtê-las.
Assinale-se a seriedade e a forma como se preparam os empresários e gestores asiáticos quando integram uma missão a um país estrangeiro. Os asiáticos estudam ‘dossiers’ sobre o país e os seus mercados e participam em seminários onde são debatidos os desafios que as empresas têm de enfrentar, em particular quando pretendem instalar-se nesses países. As estatísticas sobre as trocas comerciais, o investimento estrangeiro, os requisitos contabilísticos, as leis do trabalho, os impostos, a transferência de lucros, os problemas resultantes da variação das taxas de câmbio e dos juros, as redes logísticas, os regulamentos alfandegários, e a propriedade intelectual são matérias versadas nesses encontros que são sempre largamente participados. E, obviamente, onde são abordadas as especificidades culturais relevantes para a realização de negócios.
Os empresários asiáticos são negociadores hábeis mas agradáveis. Simples mas orgulhosos dos seus sucessos ignoram quem os menospreze. Porque chegou a sua hora.
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