Wednesday, June 27, 2007

27-06-2007: Mais Estandardização

A estandardização é parte integrante dum movimento de diferenciação orientado para a excelência e a qualidade.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1010153.html

A estandardização precisa de ser mais valorizada, promovida, premiada porque são múltiplos e duradouros os seus benefícios económicos e sociais.
.
Milhões de famílias em 36 países fazem uso de modelos estandardizados de mobiliário de marca sueca bem conhecida. Simplicidade, funcionalidade, eficiência no uso do espaço, qualidade e baixo custo contribuem actualmente para um processo de estandardização doméstica à escala global como nunca tivera lugar. Um sucesso ‘knowledge based’ com produção descentralizada. Um ícone da globalização.
O fenómeno da estandardização, que à partida poderia parecer em aparente conflito com a necessidade de inovação e de criatividade nas empresas, antes as propicia. Garantir determinados ‘standards’ numa empresa não significa mais que alcançar níveis mínimos de qualidade, uma ‘baseline’, deixando aos gestores, líderes e às equipas de colaboradores a oportunidade para inovarem e criarem melhores produtos e serviços, melhores ambientes de trabalho, melhores resultados que satisfaçam os consumidores, os trabalhadores e os investidores de forma sustentada. A estandardização, que de forma tão cabal favoreceu o desenvolvimento científico e tecnológico, a indústria automóvel e aeronáutica e a indústria das NTIC, tem retorno económico e promove a qualidade de vida no trabalho.

.
As economias mais desenvolvidas, mais dependentes do conhecimento (’knowledge based economies’), são as que alcançaram níveis mais elevados na estandardização da sua ‘corporate governance’ e dos processos de gestão e de produção. A estandardização é parte integrante dum movimento de diferenciação orientado para a excelência e a qualidade, que atravessa o mundo de ocidente a oriente, e no qual cada país se vai integrando progressivamente.

.
Portugal, que iniciou há muito este processo, precisa decididamente de acelerar a sua participação neste universo de superior diferenciação através da adopção genuína e massiva das metodologias e dos instrumentos de garantia da qualidade. Nas práticas de gestão públicas e privadas. Em todos os sectores económicos. Com impacto na relação com os mercados nacionais mas também com os estrangeiros. Na relação com os consumidores de bens e de serviços privados e públicos.. Na gestão de recursos humanos e na organização do trabalho. É altura de perguntar que percentagem de empresas de cada um dos sectores de actividade alcançou, em Portugal, a certificação de qualidade e criou uma cultura de melhoria contínua? Quantas PME? Quantos hotéis? E que percentagem de cada um dos diferentes tipos de serviços públicos? Quantas repartições de finanças?

.
O aumento da produtividade e da competitividade, a crescente globalização dos mercados de trabalho, a mobilidade e a necessidade de pôr em prática o princípio da aprendizagem ao longo da vida, implicam uma crescente estandardização dos sistemas de qualificação de competências, que em muito ultrapassa as fronteiras da UE e o Quadro Europeu de Referência das Qualificações para a Aprendizagem ao Longo da Vida (QEQ). O Sistema Nacional de Qualificações português e o Programa Operacional Potencial Humano do QREN teriam vantagem em promover consultas com organizações de países que têm avançado com segurança neste caminho, como é o caso da Australia e de Singapura. ‘The Singapore Workforce Skills Qualifications’ (WSQ)* é um sistema integrado de formação contínua, reconhecido pelos empregadores e validado pela indústria, que entre outros aspectos melhora os programas de gestão de desempenho, suporta o desenvolvimento das ‘job descriptions’, insuficientemente aplicadas em Portugal, facilita a avaliação de competências e a análise de necessidades de formação. O sistema integra ainda um sistema de acreditação e de garantia da qualidade das organizações formadoras, dos programas de formação e dos formadores.


Os governos têm de garantir que o investimento feito pelas empresas e pelos cidadãos na permanente melhoria das qualificações e competências tem reconhecimento inquestionavel a uma escala cada vez mais global. E, por isso, torna-se necessário uma estandardização de políticas, procedimentos e práticas da formação ao longo da vida, com rigorosa validação e avaliação.*(http://wsq.wda.gov.sg)