Wednesday, May 2, 2007

02-05-2007: Investir nas Pessoas

O investimento em I&D, em Portugal, por parte das empresas tem ainda expressão minoritária.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/979103.html

O mais recente anúncio da contratação de mil investigadores doutorados traduz um inquestionável reforço da política de investigação e desenvolvimento científico e tecnológico cuja vitalidade estava já bem à vista através do muito significativo aumento do número de bolsas de doutoramento e de pós doutoramento financiadas directamente pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. As parcerias internacionais, já celebradas, começam a dar resultados e algumas grandes empresas portuguesas e multinacionais assumiram um papel relevante neste processo.
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Porém, é expectável que o sector privado se empenhe cada vez mais neste esforço nacional. Tome-se, como exemplo, Singapura que investiu 2,5% do PIB em I&D, em 2005, e que pretende alcançar anualmente os 3% do PIB já em 2010. O Governo da cidade-estado injecta na investigação e desenvolvimento, em 2007, cerca de 1.000 de euros milhões a que acrescerá o investimento do sector privado. No ano de 2005 as empresas responsabilizaram-se por cerca de 66% do investimento em I&D, contribuindo com cerca de 1.500 milhões de euros. Entre os investigadores, 60% trabalha para o sector privado. Integra este movimento a Infineon que anunciou, há dias, ir investir, em Singapura, 200 milhões de euros em I&D, recrutando 150 novos investigadores e fazendo subir para 550 o número de engenheiros dedicados a I&D nesta empresa local.

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Mas o investimento em I&D, em Portugal, por parte das empresas tem ainda expressão minoritária. As empresas multinacionais foram as primeiras a avançar porque reconhecem que da I&D depende a sua posição no mercado global. A questão está em saber como induzir nas empresas nacionais idêntica atitude. Investir em I&D também é um comportamento inovador para as empresas e como tal deve ser abordado. Devem investigar-se os factores que podem contribuir para a difusão da I&D. Que factores predisponentes, facilitadores e de reforço podem levar as empresas a investir em I&D. Sabe-se, também, que o comportamento inovador se distribui numa “população” segundo a curva de Gauss. Assim teremos que os inovadores representam 2,5%, os ‘early adopters’ 13,5%, a ‘early majority’ 34%, tal como a ‘late majority’ (34%) e os ‘laggards’ constituem 16%. Estamos, porventura, ainda longe de ter 2,5% das empresas de Portugal a investir em I&D. Há, pois, que aliciar mais empresas predispostas para participarem na promoção da I&D, facilitar-lhes os mecanismos de integração e reforçar-lhes a apetência por inovarem na concepção dos seus produtos e/ou serviços, na reengenharia dos seus processos de produção, no redesenho da sua organização, na redefinição do seu modelo de negócio, na elaboração do seu plano estratégico, na adaptação a novos mercados, na sua internacionalização. Há que identificar os 2,5% de empresas (e empresários) potencialmente inovadoras, de cada sector de actividade, e apoiá-las na definição da sua política de I&D e na procura dos recursos necessários quer financeiros, quer humanos. Sem esquecer os ‘clusters”.

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Portugal está, finalmente, a reabrir-se ao talento estrangeiro e deve-o fazer de forma deliberada. Cabe aqui lembrar que entre os 4,5 milhões de habitantes da progressiva Singapura, existem 756.300 estrangeiros, isto é, 30% da população activa. Destes, 110.000 são quadros profissionais e cerca de duas dezenas são portugueses. Muitos daqueles são doutorados, mestres ou simplesmente pós graduados. Sem profissionais altamente qualificados nacionais e estrangeiros, capazes de pensar, de modelar e de influenciar o futuro não há desenvolvimento. E, por isso, a cidade-estado criou o programa People Developer para estimular as empresas a investirem nos seus colaboradores. O People Developer avalia a excelência do negócio com base na qualidade do exercício da Liderança, do Planeamento, da Informação, das Pessoas e dos Resultados.

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A marca Portugal deve muito aos desportistas portugueses, aos portugueses que ocupam posições de elevada responsabilidade, quer em organizações supranacionais púbicas quer em empresas multinacionais. Mas deve sobretudo aos empresários e aos seus colaboradores. São as pessoas que fazem o sucesso das empresas e que fazem o sucesso de uma nação.

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