Tuesday, July 25, 2006

25-07-2006: Prioridade a Singapura

A UE é, hoje, o segundo parceiro comercial mais importante de Singapura e o terceiro como destino do seu investimento estrangeiro
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/674190.html
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Com fundamento, Basílio Horta considerou Singapura um mercado prioritário1 porque no comércio extra comunitário é o terceiro mais importante destino das nossas exportações, um mercado que tem muito por onde crescer. A UE é, hoje, o segundo parceiro comercial mais importante de Singapura e o terceiro como destino do seu investimento estrangeiro. Mais, Singapura e a Malásia são, no sudeste asiático, os países que mais exportam e importam.

Singapura é altamente prestigiada no mundo desenvolvido como nos países em desenvolvimento. Lidera com grande vantagem, no sudeste asiático, ao nível do PIB per capita ($28.000), é a sexta economia mais competitiva do mundo, a economia mais dinâmica da região, com um crescimento esperado em 2006 entre 5 e 7%, país charneira ao nível comercial, financeiro, científico, e educacional a nível da Ásia. Montra da inovação como também do consumo sofisticado, Singapura posiciona-se como o ‘middleman’ da China, da Índia e, mesmo, dos países árabes produtores de petróleo. É o país que mais inspira, actualmente, a China e o Dubai, sendo Lee Kuan Yew (ex-primeiro ministro) o líder estrangeiro mais admirado pelos dirigentes nacionais e regionais da China. Nenhum outro país do sudeste asiático, como Singapura, tem pressionado a UE para o estabelecimento de acordos. Em 9 de Junho passado, a UE assinou um acordo de céu aberto visando a liberalização da aviação com Singapura.


Singapura é o catalizador da Association of Southeast Asian Nations (ASEAN)2 que atingiu cerca de um quinto do valor da economia da UE para uma população estimada, em 2005, de 558 milhões de habitantes (contra 462 millhões da UE). E, por isso, faz sentido que dezassete membros da UE tenham Embaixada em Singapura, como também na Tailândia, na Indonésia e na Malásia. Entre os países da UE com Embaixada em Singapura está a Eslovénia, a Hungria, Malta, a Polónia e a República Checa. De igual modo se entende que a maior parte dos países europeus, com Embaixada em Singapura, tenham aí, também, secções comerciais. Alguns, como a França, centralizam aí a sua SouthEast Asia Economic Section. O Governo da Irlanda escolheu Singapura e Malásia para centralizar os Entreprise Ireland International Offices do sudeste asiático (http://www.enterprise-ireland.com/Contact/OverSeasOffices.htm), a par de Pequim, Xangai, Guangzhou, Hong Kong, Tóquio e Seul.


Mas Portugal tem optado por ter Embaixada na Tailândia, na Indonésia e nas Filipinas, mas não em Singapura. Aliás, não existe ainda representação do ICEP no sudeste asiático, encontrando-se embora em desenvolvimento uma secção comercial junto da Embaixada em Jacarta.


Se a Ásia e, de um modo particular o sudeste asiático, devem constituir fortes prioridades para Portugal, Singapura deve ser usada como rampa de lançamento da nossa diplomacia económica na região. O facto da língua inglesa ser adoptada na sua administração pública, na comunicação empresarial, no ensino, no desenvolvimento científico e tecnológico, a par do uso do mandarim, do tamil, do malaio (e da existência de comunidades islâmicas moderadas) torna Singapura uma plataforma essencial no desenvolvimento das relações com toda a Ásia. Em 2003, Goh Chok Tong, então primeiro ministro de Singapura de visita a Portugal, bem sugeriu que “devíamos tirar partido dos nossos laços históricos, influência cultural e conhecimento da região”, manifestando-se muito interessado na negociação de um Memorandum of Understanding (MOU) sobre cooperação cultural, cientìfica e educacional.


Um número crescente de líderes políticos e económicos, entre nós, começa a valorizar o enorme potencial da cidade estado no contexto económico regional, asiático e global. Há que colocar Singapura na agenda política, reorientar a diplomacia económica portuguesa em relação ao sudeste asiático e colmatar uma lacuna na diplomacia portuguesa elevando a representação de Portugal em na cidade estado.


1 DN 14 Maio 2006
2 Birmânia, Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Vietnam.